No Brasil, o cenário da dengue em 2024 apresenta uma faceta particularmente preocupante: mulheres pretas e pardas estão no epicentro da crise, representando o grupo populacional mais afetado pela doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, este segmento constitui 26% dos casos prováveis de dengue, somando impressionantes 193,2 mil dos quase 741 mil registros até agora.
A dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, tem mostrado uma tendência alarmante este ano, com um aumento de 294% nos casos prováveis em comparação com o mesmo período de 2023, um ano já marcado por recordes de mortes pela doença. Até o momento, 151 vidas foram perdidas para a dengue, e outras 501 mortes estão sob investigação.
As mulheres na faixa etária de 30 a 39 anos são as mais vulneráveis à infecção, seguidas pelas de 40 a 49 anos e de 50 a 59. Em meio a este cenário, a preocupação com gestantes se acentua, visto que estas apresentam um risco de morte quatro vezes maior em comparação com outras mulheres. A dengue também aumenta significativamente o risco de morte do feto ou do bebê, reforçando a recomendação de internação para gestantes mesmo com sintomas leves da doença.
A população parda é a mais representada entre os casos prováveis, correspondendo a 42% do total. Quando somada à população preta, essa porcentagem alcança 47,7%, enquanto que os brancos representam 34,5% dos casos. O grupo racial menos afetado é o indígena, com apenas 0,22% dos registros.
A maior incidência da dengue entre mulheres pretas e pardas é atribuída à falta de medidas preventivas contínuas em áreas vulneráveis. A proliferação do mosquito Aedes aegypti é facilitada em ambientes úmidos e quentes, com a fêmea depositando ovos em recipientes com água parada. Áreas periféricas das grandes cidades, onde o fornecimento irregular de água e a coleta ineficiente de lixo criam condições ideais para a procriação do mosquito, são particularmente suscetíveis.