Níveis de oxigênio em rios e mares caem rapidamente, alertam cientistas

Estudo revela que a queda de oxigênio dissolve ameaça ecossistemas e a subsistência de bilhões de pessoas.

Nosso planeta enfrenta outra grande ameaça: a desoxigenação da água. (Imagem: Ron Dale / Shutterstock.com)

Pesquisadores têm alertado sobre a rápida diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido em corpos d’água ao redor do mundo. Esse problema ameaça não apenas a saúde dos ecossistemas, mas também a vida de bilhões de pessoas que dependem desses habitats para alimentação e renda.

Assim como o oxigênio atmosférico é crucial para a vida terrestre, o oxigênio dissolvido (OD) na água é essencial para a manutenção de ecossistemas aquáticos, tanto de água doce quanto marinhos. Contudo, com o aumento das temperaturas globais devido às emissões de gases de efeito estufa, as águas superficiais têm se tornado menos capazes de reter oxigênio, agravando essa crise ambiental.

Um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, liderado pelo ecologista Kevin Rose do Instituto Politécnico Rensselaer, sugere que a desoxigenação aquática seja adicionada à lista de “fronteiras planetárias”. Esta lista atualmente inclui nove domínios que estabelecem limites dentro dos quais a humanidade pode continuar a se desenvolver de forma sustentável.

Os cientistas identificaram que águas mais quentes retêm menos oxigênio dissolvido. A queima acelerada de combustíveis fósseis e outras atividades humanas têm elevado as temperaturas do ar e da água, exacerbando a diminuição de OD. Além disso, o crescimento descontrolado de algas e bactérias, alimentado por nutrientes provenientes de fertilizantes agrícolas, esgotos e resíduos industriais, também consome rapidamente o oxigênio disponível.

Em situações extremas, a ausência de oxigênio pode levar à morte de micróbios e outras formas de vida aquática. Espécies que não dependem de oxigênio proliferam, criando um ciclo prejudicial chamado eutrofização, no qual a densidade de matéria orgânica morta aumenta, reduzindo a luz e limitando a fotossíntese.

A diferença de densidade entre as camadas da água, causada pelo aquecimento das águas superficiais e pelo derretimento do gelo, diminui a salinidade da superfície, complicando ainda mais a troca de oxigênio entre essas camadas. A falta de circulação impede que águas profundas recebam oxigênio, afetando negativamente os ecossistemas aquáticos.

Os autores do artigo defendem um esforço global para monitorar e pesquisar a desoxigenação das partes “azuis” do planeta. Eles também destacam a necessidade de políticas para prevenir a rápida desoxigenação e mitigar os desafios já presentes.