Nova pesquisa questiona a teoria de Darwin: a maioria dos mamíferos não segue a regra de machos maiores que fêmeas

Estudo desafia Darwin: 39% dos mamíferos têm machos e fêmeas de tamanho similar, repensando teorias evolutivas.

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Por mais de um século, a teoria de que os machos em muitas espécies de mamíferos são tipicamente mais robustos e maiores que as fêmeas foi amplamente aceita. Esta visão, sustentada desde a época de Charles Darwin, parece estar passando por uma revisão. Uma equipe de ecologistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, trouxe à tona resultados que desafiam essa norma convencional, indicando um novo caminho para entender a evolução dos mamíferos.

Depois de analisarem mais de 400 espécies de mamíferos, os pesquisadores descobriram que em quase 39% delas, machos e fêmeas apresentam pouco ou nenhum dimorfismo de tamanho, ou seja, suas massas corporais são muito similares, um fenômeno conhecido como monomorfismo sexual. Esse dado sugere que a diferença de tamanho entre os gêneros pode não ser tão predominante quanto previamente imaginado em muitas espécies. Mesmo nas ocasiões em que diferenças são observadas, elas não são tão acentuadas como se pensava anteriormente. Em vez disso, foi constatado que, na maioria das espécies estudadas, não há uma predominância clara de machos maiores sobre as fêmeas.

Esse achado abre um leque de questionamentos sobe as ideias anteriormente estabelecidas, que argumentavam que os machos maiores tinham vantagem competitiva na disputa por fêmeas, o que os tornaria mais propensos a transferir seus genes à próxima geração, seguindo os princípios da seleção sexual sugeridos por Darwin. A pesquisa aponta para a necessidade de se reconsiderar essas teorias e olhar para além dos exemplos mais estudados, como os carnívoros, primatas e ungulados, que por questões de viés histórico na seleção de estudos, podem ter dado uma visão distorcida da realidade do reino animal.

Entre as curiosidades reveladas pela pesquisa, está o fato de que, ao mudar a métrica de comparação para o comprimento do corpo em vez da massa corporal, a presença de espécies com dimorfismo de tamanho diminui ainda mais, sendo quase metade das espécies analisadas consideradas monomórficas. Esse dado reforça a ideia de que a forma como estudamos e comparamos os seres vivos pode ter um forte impacto na nossa compreensão deles.

A pesquisa não é apenas um importante passo para entender a evolução dos mamíferos, mas também serve como um lembrete de que a natureza é repleta de exceções e variações. Nela, as fêmeas do morcego-nariz-de-tubo exemplificam uma inversão do padrão que se acreditava ser comum, sendo consideravelmente maiores que os machos, o que sugere vantagens adaptativas específicas dessa organização.

Publicada na prestigiosa revista Nature Communications, a pesquisa encoraja a comunidade científica a expandir sua visão a respeito das dinâmicas de gênero na natureza, potencialmente ajustando nossas teorias da evolução para incluir uma gama mais ampla de estratégias de sobrevivência e reprodução entre os mamíferos.