O talco, um produto amplamente utilizado em cuidados pessoais, como na higiene de bebês, foi recentemente classificado como potencialmente cancerígeno para humanos pela agência de câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS). A mesma classificação foi aplicada à acrilonitrila, uma substância usada na produção de polímeros presentes em plásticos, roupas e outros itens de consumo.
A pesquisa que levou a essas conclusões foi publicada na revista The Lancet Oncology na última sexta-feira (5). Especialistas do Centro Internacional de Pesquisa do Câncer (CIRC/IARC), localizado em Lyon, França, conduziram o estudo. As evidências foram baseadas em análises de estudos parciais em humanos, especificamente relacionados ao câncer de ovário, e em provas suficientes obtidas em animais de laboratório.
O talco tem sido motivo de preocupação desde a década de 1970, quando foi descoberto que alguns produtos continham amianto, um mineral cancerígeno encontrado em regiões próximas às jazidas de talco. Mais recentemente, a Johnson & Johnson firmou um acordo com 42 estados dos EUA em resposta a alegações de que seu talco estaria causando câncer. No entanto, uma síntese de estudos de janeiro de 2020, que avaliou 250 mil mulheres americanas, não encontrou ligação estatística entre o uso de talco na região genital e o risco de câncer de ovário.
Quanto à acrilonitrila, a IARC a classificou como cancerígena com base em “evidências suficientes de câncer de pulmão” e “evidências limitadas” de câncer de bexiga. Polímeros contendo acrilonitrila são frequentemente utilizados em fibras para roupas, carpetes, plásticos para produtos de consumo e peças automotivas. A substância também é encontrada na fumaça do cigarro, tornando a poluição do ar uma fonte adicional de exposição.
As conclusões sobre esses produtos destacam a importância de uma análise constante e rigorosa dos componentes químicos utilizados em produtos de consumo diário e a necessidade de regulamentações eficazes para proteger a saúde pública.