Nos últimos quatro anos, o Brasil tem enfrentado uma situação alarmante: 535 suicídios indígenas, com destaque para o estado do Amazonas que registrou 208 destes casos. Essas informações vêm do recentemente publicado Relatório Violência contra os Povos Indígenas do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Jacyra Araújo, psiquiatra e pesquisadora da renomada Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem um foco em saúde mental indígena, acredita que esta não é uma questão nova. Pelo contrário, é um problema que afeta populações originárias ao redor do mundo. Ela ressalta a preocupante taxa de suicídios no Amazonas, apontando para os desafios em identificar suas causas diretas. No entanto, Araújo sugere que os conflitos regionais, principalmente relacionados à mineração, têm exacerbado a situação.
Na região do Amazonas vive uma parte significativa dos povos yanomami. Junior Yanomami, líder da Associação Yanomami Urihi, relata a dura realidade enfrentada, com meninas indígenas enfrentando graves problemas mentais devido a violências repetidas, como estupro, gravidez precoce e exploração.
É crucial destacar um dado relevante: o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2021, revelou que a taxa de mortalidade por suicídio entre indígenas é quatro vezes superior à da população não indígena.
Outro fator a ser considerado, conforme o relatório do Cimi, é a propagação do álcool e outras drogas nas terras indígenas. Uma estratégia usada desde os tempos dos colonizadores, não só como forma de controle, mas também como mecanismo para facilitar crimes. Esta realidade aumenta ainda mais a vulnerabilidade dessas populações, elevando os riscos de problemas de saúde mental e ideações suicidas.