Em meio a um apagão que atingiu a Grande São Paulo desde sexta-feira (11), a família de Heloísa, de 18 anos, enfrentou uma situação crítica. Moradora de São Bernardo do Campo, a jovem sofre de amiotrofia muscular espinhal e depende de equipamentos para respirar e sobreviver. Com a falta de energia elétrica, seus pais recorreram à bateria do carro para alimentar o respirador da filha.
Mario Neto, pai de Heloísa, explicou que o respirador tem uma bateria com autonomia limitada, o que os obrigou a buscar alternativas. “Tivemos que puxar energia do carro da mãe da Heloísa usando extensões. Além disso, conseguimos ajuda de um vizinho e contratamos um eletricista para puxar energia da esquina até nossa casa”, contou Mario. Segundo ele, a energia foi restabelecida apenas depois de muitas horas.
A crise energética também afetou outras famílias que dependem de eletricidade para manter cuidados essenciais. Na Vila Romana, Zona Oeste de São Paulo, Renata Saffioti improvisou com um gerador a gasolina para manter o pai, Antônio, respirando. A situação se prolongou por mais de 60 horas sem uma solução por parte das autoridades, o que Renata classificou como desumano.
Em outro relato, Juliana Mesanelli informou que seu pai, internado no Hospital Saboya após sofrer um AVC isquêmico, não pôde realizar exames importantes devido à falta de energia. Apesar do uso de geradores no hospital, a necessidade de uma segunda tomografia foi comprometida.
A concessionária Enel Distribuição SP informou que mais de 430 mil imóveis permanecem sem eletricidade, incluindo regiões da capital e municípios vizinhos. A empresa trabalha para restabelecer o fornecimento, afetado desde a forte tempestade que atingiu o estado.