Peixes cultivados em alto mar: a revolução ecológica dos currais oceânicos

Nova tecnologia permite criação de peixes no fundo do oceano, visando sustentabilidade.

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A inovação na aquicultura está prestes a navegar para águas nunca antes exploradas, graças ao desenvolvimento de um novo sistema apelidado de SeaFisher. Este sistema promete revolucionar a criação de peixes, transportando-a para o alto mar, diferentemente dos tradicionais currais localizados perto da costa. O principal objetivo dessa mudança é tornar a prática da piscicultura mais ecológica e sustentável. Mas como este novo protótipo, atualmente em desenvolvimento pelos pesquisadores da Universidade de Queensland para o Centro de Pesquisa Cooperativa da Economia Azul, promete alcançar tal feito?

Diferentemente dos currais convencionais, que muitas vezes se apoiam em águas rasas e sofrem com a poluição gerada pelos resíduos dos peixes, o SeaFisher se propõe a resolver esses problemas ambientais de maneira inovadora. A estrutura, medindo 120 metros, conta com 12 compartimentos rodeados por redes de poliéster. Essas gaiolas oceanográficas são projetadas para abrigar até 24.000 peixes adultos de 5 kg cada. Uma característica interessante dessa tecnologia é o sistema de ancoragem no fundo do mar que mantém o curral flutuante e, em casos de necessidade, permite que o curral submerja temporariamente para evitar ondas violentas.

Mas o que realmente destaca o SeaFisher no quesito sustentabilidade é a forma como lida com a questão dos resíduos. Ao posicionar o curral em alto mar, os dejetos produzidos pelos peixes são naturalmente dispersados pelas correntes oceânicas, minimizando a poluição e o impacto ambiental associado à atividade em águas costeiras. Esta abordagem não só reduz potencialmente os riscos de contaminação tanto para os peixes cultivados quanto para as espécies selvagens, mas também permite uma produção mais limpa e sustentável de frutos do mar.

O projeto, apesar de ainda ser um protótipo, quando escalado para sua implementação real, é previsto para custar cerca de 6 milhões de dólares, um valor relativamente menor se comparado às opções atuais no mercado. Além disso, a versatilidade do SeaFisher é notável, com possibilidades de ser adaptado não apenas para a criação de diferentes espécies de peixes em proximidade umas das outras, mas também para o cultivo de algas marinhas, utilizando os resíduos dos currais como fertilização natural das culturas.

A publicação dos detalhes deste projeto no Journal of Marine Science and Engineering marca um passo importante para a aquicultura. Se bem-sucedido, o SeaFisher poderá transformar a maneira como pensamos a produção sustentável de peixes, trazendo benefícios tanto para os ecossistemas marinhos quanto para os consumidores em busca de opções mais sustentáveis de frutos do mar.