Pesquisadores da Unicamp criam levedura que aumenta produção de etanol

Cientistas brasileiros desenvolvem nova cepa de levedura que potencializa a produção de etanol a partir do agave.

Imagem: ThamKC/Shutterstock

Uma equipe de cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu uma cepa geneticamente modificada da levedura Saccharomyces cerevisiae, que promete revolucionar a produção de etanol. A descoberta pode transformar a biomassa do agave, anteriormente descartada após a produção de fibra de sisal, em uma fonte eficiente de etanol biocombustível.

O agave é tradicionalmente utilizado na produção de tequila e como adoçante. No Brasil, sua produção é focada na obtenção de fibra de sisal, resultando em grande quantidade de biomassa descartada. O principal desafio para utilizar essa biomassa na produção de etanol é a conversão eficiente dos açúcares da planta, especialmente a inulina, um polímero de frutose que a S. cerevisiae não digere naturalmente.

Para superar essa barreira, os pesquisadores da Unicamp usaram engenharia genética para criar uma nova cepa de S. cerevisiae capaz de transformar a inulina em etanol sem a necessidade de um processo de hidrólise prévio, que é atualmente necessário na produção de tequila. Essa inovação pode aumentar significativamente a eficiência da produção de etanol, utilizando uma matéria-prima abundante e até então subutilizada.

Os testes laboratoriais demonstraram que a nova cepa pode converter com sucesso o açúcar do agave em etanol, abrindo possibilidades para o uso desse biocombustível em veículos híbridos e até mesmo aviões. Além disso, a inulina é utilizada na indústria alimentícia para a produção de frutose e xaropes, o que torna a descoberta ainda mais relevante.

Com essa inovação, espera-se não apenas um aumento na produção de etanol no Brasil, mas também uma nova forma de aproveitamento sustentável da biomassa do agave, contribuindo para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia.