Em meio à crescente epidemia de dengue no Brasil, a vacinação contra a doença, particularmente entre crianças e adolescentes, progride a um ritmo preocupantemente lento. Uma pesquisa Datafolha recente revelou que, apesar de um desejo expresso por 87% da população de São Paulo de se imunizar contra a dengue, apenas cerca de 30,8% das mais de 1,2 milhão de doses disponibilizadas foram administradas até o momento.
A campanha de vacinação enfrenta múltiplos desafios, incluindo a limitação da faixa etária alvo e a distribuição geograficamente restrita das vacinas. Especialistas, como o médico sanitarista e professor Gonzalo Vecina, destacam a série de obstáculos na busca por uma cobertura vacinal ampla, desde a comunicação ineficaz até o histórico de baixa adesão à vacinação entre adolescentes. Ademais, a vacinação de jovens é crítica devido à severidade da dengue nesse grupo etário, embora as recomendações atuais limitem a vacinação a indivíduos entre 6 e 16 anos, seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A situação é agravada pela disponibilidade limitada de vacinas. O Brasil dispõe de apenas 6,5 milhões de doses para 2024, resultando em uma estratégia inicial que restringia a vacinação a crianças específicas de 10 e 11 anos. A pressão pública e a atual severidade da epidemia, no entanto, levaram a uma ampliação da faixa etária para até 14 anos em certos locais desde o início de março.
Essa expansão ainda enfrenta limitações significativas, pois apenas uma fração dos municípios brasileiros recebeu doses, baseando-se em critérios como histórico de transmissão de dengue e tamanho da população. A seleção restritiva de cidades e a distribuição insuficiente têm sido pontos de frustração para os pais e responsáveis, ressaltando a dificuldade de imunizar toda a família.
Além disso, a campanha de vacinação enfrenta desafios inerentes à vacinação adolescente, que tradicionalmente apresenta baixa adesão devido a fatores culturais e à independência crescente desse grupo etário. Especialistas sugerem que as campanhas de imunização escolar podem ser uma solução eficaz, pois aproximam a vacinação do cotidiano dos adolescentes, facilitando assim uma cobertura mais ampla.
O sucesso da campanha, conforme observado por especialistas, depende crucialmente de uma comunicação eficaz e da disponibilidade de doses suficientes para atender à demanda. Enquanto esses desafios persistirem, a luta contra a epidemia de dengue no Brasil continuará a enfrentar obstáculos significativos.