O aumento nas chuvas no Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz, tem provocado uma elevação nos preços do produto, que já registra uma alta de 4% ao produtor desde o fim de abril. Com as fortes precipitações que começaram a intensificar-se em 29 de abril, o preço da saca de 50 kg subiu de R$ 105,98 para R$ 110,23, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).
Especialistas alertam que essa alta pode não apenas se manter, mas também impactar significativamente os preços ao consumidor em todo o país. Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, prevê uma possível alta de 20% no atacado em curto prazo. André Braz, economista e especialista em inflação do FGV/Ibre, também concorda que o impacto pode ser nacional, exacerbado pelo comportamento do consumidor que, temendo a escassez, acaba por antecipar compras, elevando ainda mais os preços e esgotando os estoques rapidamente.
A situação é agravada pela severidade das enchentes que, além de alagar áreas, retardam a recuperação do solo e o ciclo de plantio subsequente, com previsões de que os efeitos dessas condições adversas perdurem por vários meses. Essa projeção de longo prazo para os preços altos levou instituições como a Warren Rena e a XP Investimentos a ajustar suas expectativas para a inflação. A Warren elevou sua previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,8% para 3,9% em 2024, enquanto a XP prevê uma alta de 4,2% nos preços dos alimentos em domicílio para este ano, contra uma estimativa anterior de 3,8%.