Washington, D.C. – Um recente estudo da Washington State University, publicado na revista Exploration of Medicine, revelou uma tendência surpreendente entre os usuários de cannabis: a maioria prefere a substância a remédios tradicionais para dormir. Entre os 1.255 participantes, todos consumidores da planta, 80% não utilizam mais medicamentos como melatonina ou soníferos controlados.
A pesquisa destacou o uso crescente de variedades de cannabis ricas em CBD (canabidiol) e mirceno, um terpeno aromático também encontrado em plantas como o lúpulo e manjericão. Cerca de 50% dos participantes relataram preferir estas variedades.
Efeitos matinais e colaterais da cannabis
A maioria dos usuários de cannabis relatou se sentir mais dispostos e concentrados pela manhã, com menos dores de cabeça e náuseas em comparação aos remédios tradicionais. Por outro lado, houve relatos de sonolência matinal, ansiedade e irritabilidade, além de efeitos colaterais como boca seca e olhos vermelhos.
Comparação com medicamentos tradicionais
O estudo concluiu que o uso de cannabis para problemas de sono é percebido como mais benéfico que os medicamentos de venda livre ou prescritos. Interessantemente, os participantes destacaram a ausência de um efeito de ‘ressaca’, comum em sedativos e álcool, embora alguns efeitos persistentes fossem notados.
Sono e cannabis
Mais de 60% dos participantes relataram dormir entre seis a oito horas usando apenas cannabis, enquanto menos de 20% alcançaram essa faixa de sono com medicamentos tradicionais ou a combinação destes com cannabis.
Crescimento do uso medicinal da cannabis no Brasil
Em 2020, a Anvisa autorizou o primeiro produto à base de cannabis no Brasil, marcando o início de um aumento significativo no uso medicinal da planta. Em 2022, houve um crescimento de 110% no uso de cannabis medicinal no país.
Canabinoides: Diversidade e uso medicinal
A cannabis possui mais de 100 canabinoides identificados. Os mais conhecidos são THC (tetrahidrocanabinol) e CBD. O THC é conhecido pelo efeito psicoativo, mas em concentrações controladas, é usado medicinalmente para relaxamento, alívio de dores e redução de ansiedade.
No Brasil, qualquer médico pode prescrever produtos de cannabis com fins medicinais. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destacou evidências científicas que apoiam o uso terapêutico da cannabis para condições como dor crônica, espasticidade, transtornos neuropsiquiátricos, náusea, ansiedade, vômito e perda de apetite. A Fiocruz também reconhece o potencial da cannabis em dezenas de outras condições.