Novos estudos revelam que qualquer dose de álcool pode aumentar o risco de morte prematura, desafiando a antiga crença de que uma taça de vinho poderia ser benéfica para a saúde. Informações divulgadas pelo Metropoles indicam que, ao contrário das recomendações anteriores, a Organização Mundial da Saúde (OMS) agora afirma que não há uma quantidade segura de consumo de álcool.
Até 2016, a OMS recomendava um limite de 21 unidades de álcool semanalmente para homens, o equivalente a 15 ml de álcool puro por dia. Em 2022, esse limite foi reduzido para 14 unidades por semana para ambos os gêneros. Em 2023, a OMS revisou novamente suas diretrizes, concluindo que qualquer quantidade de álcool representa um risco à saúde.
Para contextualizar, 14 unidades de álcool por semana correspondem a seis garrafas grandes de cerveja, nove chopes de 300 ml, cerca de uma garrafa e meia de vinho ou sete doses pequenas de destilados. Apesar dessas quantidades serem consideradas moderadas, os riscos associados, como câncer, doenças hepáticas e demência, são significativos.
John Holmes, especialista em alcoolismo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, explicou ao Daily Mail que estudos anteriores podem ter superestimado os benefícios do álcool para o coração. “Temos bastante certeza de que tínhamos superestimado quaisquer benefícios do álcool para o coração em estudos mais antigos e que eles podem nem existir”, afirmou Holmes. Ele destacou que muitos desses estudos não levaram em conta os motivos pelos quais alguns participantes se abstinham de álcool, possivelmente mascarando doenças preexistentes que influenciavam os resultados.
David Spiegelhalter, ex-consultor da OMS, também contribuiu para o debate, comparando os riscos do consumo moderado de álcool a outros hábitos alimentares prejudiciais. “Comer sanduíches de bacon algumas vezes por semana é mais perigoso para a saúde a longo prazo do que o álcool”, disse Spiegelhalter ao Daily Mail. Ele apontou que o risco de morte prematura para quem consome 14 unidades de álcool por semana é de um em 100, enquanto para aqueles que bebem 50 doses semanais, o risco aumenta para cerca de um em seis.
Embora beber moderadamente possa representar um risco pequeno, ele é real, e cabe a cada pessoa decidir se vale a pena correr esse risco, concluiu Holmes.