Realidade LGBT+ no Brasil: pesquisa revela que dois em cada dez brasileiros ainda consideram a homossexualidade como uma doença

Entenda como o preconceito e a desinformação influenciam as visões da sociedade brasileira sobre a homossexualidade.

Em uma demonstração clara da persistência do preconceito e da desinformação, uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 28 de junho, revela que dois em cada dez brasileiros ainda consideram a homossexualidade como uma doença. Surpreendentemente, essa concepção ocorre mesmo quando a maioria dos entrevistados tem uma conexão pessoal com alguém da comunidade LGBT+.

O contraste entre percepção e realidade

Realizado pelo Instituto Locomotiva para a iO Diversidade, o estudo ouviu 1.574 pessoas de todo o país entre maio e junho deste ano. Os dados revelados mostram uma desconexão preocupante entre a percepção do público e a realidade vivida pela comunidade LGBT+.

A maioria dos entrevistados (60%) afirmou ter um amigo ou parente homossexual, enquanto um terço disse ter um amigo ou parente transgênero. Apesar disso, 20% ainda acreditam que a homossexualidade é uma doença e, ainda mais alarmante, 40% desse grupo acredita que pode ser “curada”.

Esses pontos de vista equivocados existem mesmo quando 90% dos entrevistados reconhecem que a comunidade LGBT+ enfrenta preconceito e são mais vítimas de violência física. Além disso, 70% dos entrevistados acreditam que as pessoas LGBT+ têm menos oportunidades no mercado de trabalho.

O impacto da discriminação no dia a dia

Os dados coletados demonstram que a discriminação e a violência não são apenas percebidas, mas também vivenciadas por membros da comunidade LGBT+. Entre os entrevistados LGBT+, um terço afirmou já ter sofrido discriminação, com o trabalho sendo o lugar mais comum para tal violência (33%), seguido de escola ou universidade (27%), nas ruas (27%) e no convívio familiar (17%).

Rachel Rua, diretora executiva da iO Diversidade, atribuiu as descobertas alarmantes da pesquisa ao “desconhecimento e distanciamento do tema”, que “contribuem para a triste constatação do quanto nosso país ainda é muito preconceituoso e violento com a comunidade LGBTQIA+, que sofre em diversas esferas da vida social, no trabalho, no local de estudo, na família e na rua”.

A luta contra a desinformação e o preconceito

Os resultados desta pesquisa reforçam a necessidade de iniciativas educacionais e políticas de conscientização para combater a desinformação e o preconceito arraigado. A educação é uma ferramenta vital para mudar atitudes e aumentar a aceitação e compreensão da diversidade sexual e de gênero.

No Dia Internacional do Orgulho LGBT+, esta matéria é um lembrete de que a luta pela igualdade e aceitação está longe de ser concluída. As percepções equivocadas e preconceituosas persistem e devem ser combatidas por todos os setores da sociedade. A necessidade de solidariedade, apoio e respeito é tão importante hoje como sempre foi, reforçando a importância de dias como o Orgulho LGBT+ em focar na educação, conscientização e aceitação.