Relatório aponta que mais de 30% das vítimas menores de crime e violência são filhos dos agressores

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima revela que filhos compõem mais de 30% das vítimas menores.

Um relatório recente divulgado pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) revela uma realidade preocupante e triste: mais de 30% das crianças e jovens vítimas de crime e violência que receberam apoio da APAV em 2022 eram filhos dos agressores. Este dado alarmante expõe a dura realidade da violência familiar que persiste dentro de nossas casas e que clama por intervenções urgentes.

A prevalência do abuso dentro do lar

O estudo intitulado “Crianças e Jovens Vítimas de Crime e de Violência – Estatísticas 2022” apresenta uma panorâmica inquietante. Revela que a relação entre a vítima e o autor ou agressor na maioria dos casos envolve filhos e pais. Segundo o relatório, essa relação corresponde a 31,6% dos casos atendidos pela APAV no ano passado.

Ademais, o relatório detalha que 9% das vítimas eram maltratadas por outros membros da família, como tios, primos e cunhados. Os enteados agredidos por padrastos ou madrastas representam 5,9% dos casos. A APAV ainda relata casos de abuso de colegas de escola, vizinhos, ex-namorados, avós e irmãos. Em 831 casos, a relação entre a vítima e o autor do crime é desconhecida.

Um aumento preocupante

O número de crianças e jovens vítimas de crime e violência que receberam apoio da APAV em 2022 sofreu um aumento expressivo: 32% em comparação ao ano anterior. Segundo a APAV, o desconfinamento e a retomada da frequência escolar, que permitiu a supervisão de mais adultos, contribuíram para essa maior visibilidade dos casos.

Porém, uma ameaça iminente paira sobre as crianças e jovens vítimas de violência doméstica que recebem acompanhamento pelas Respostas de Acompanhamento Psicológico (RAP). A falta de financiamento pode interromper o crucial apoio psicoterapêutico este mês, alerta a coordenadora da RAP do Porto.

Os distritos mais afetados

O relatório da APAV também revelou os distritos com maior prevalência de crianças e jovens vítimas de crime e violência em 2022. Faro lidera a lista, com 26% dos casos totais registados pela APAV, seguido por Lisboa com 15,1% e Braga com 11,1%.