Há pouco mais de um mês, o Ministério da Saúde divulgou a inclusão da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante, chamado Qdenga, produzido pelo laboratório japonês Takeda, recebeu a recomendação para incorporação pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) no SUS. A recomendação enfatizou a priorização de áreas com altas taxas de incidência e transmissão do vírus da dengue, assim como grupos etários com maior risco de agravamento da doença.
A ministra Nísia Trindade, em declaração à época, informou que a vacinação inicial no SUS seria limitada devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pelo laboratório Takeda. A estratégia do ministério é focar a vacinação em públicos específicos e regiões prioritárias. Um trabalho conjunto entre o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) estava previsto para o início do ano, para definir a melhor estratégia de aplicação das doses disponíveis. Segundo a Takeda, estão previstas 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024, com um esquema vacinal de duas doses espaçadas por 90 dias.
Especialistas da CTAI sugerem que o ministério siga as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e priorize a vacinação na faixa etária de 6 a 16 anos. Entretanto, a definição final sobre a faixa etária a ser priorizada, considerando o número limitado de doses, será feita em conjunto com estados e municípios.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim) descreve a Qdenga como uma vacina tetravalente, eficaz contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Feita com vírus vivo atenuado, é indicada para pessoas de 4 a 60 anos, com contraindicações para gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiências e indivíduos com histórico de hipersensibilidade à dose anterior. A vacina mostrou eficácia variável contra diferentes sorotipos do vírus e não protege contra outras arboviroses como zika, chikungunya e febre amarela.
Em março de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da Qdenga, permitindo sua comercialização no Brasil, mas com monitoramento contínuo de eventos adversos. É importante destacar que a Qdenga é o primeiro imunizante contra a dengue aprovado no Brasil para um público mais amplo, diferentemente da vacina Dengvaxia, do laboratório Sanofi-Pasteur, que é indicada apenas para quem já teve dengue e não foi incorporada ao SUS.