A premiada peça teatral A Casa dos Budas Ditosos, inspirada na obra de João Ubaldo Ribeiro, teve sua próxima temporada no Rio de Janeiro cancelada. A peça tem como protagonista Fernanda Torres há 15 anos. Em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, Fernanda afirmou: “A autocensura já dita regras”. Ela revelou que não realiza mais projetos com incentivos da Lei Rouanet há dez anos, junto com a sua produtora, por desconfiar que “a renúncia fiscal se transformaria numa arapuca para a classe artística”.
“O discurso do mama-tetas surgiu nas redes, em meados do governo PT, e foi aprimorado pelo candidato que periga chegar ao poder em janeiro. À possível extinção dos mecanismos de isenção para as artes, se somará a retórica moralizante, avessa à liberdade de expressão”, escreveu. A atriz sempre foi crítica da lei de incentivo à cultura, chegando a afirmar que “a renúncia fiscal pode se transformar em uma arapuca para a classe artística.
A lei de incentivo à cultura também já não é utilizada por outros integrantes da classe artística, como Antonio Fagundes. O ator critica o formato, em que os incentivos fiscais são fornecidos às empresas, que escolhem patrocinar os projetos culturais em troca de divulgação. “É uma lei nem-nem: nem é política cultural nem de mercado. É feita por gerentes de marketing de empresas que não entendem de teatro”, afirmou a revista Veja no ano passado.