No Brasil, as doenças cardiovasculares lideram o ranking de causas de morte, com mais de 1.100 fatalidades diárias, o que equivale a aproximadamente 46 mortes a cada hora. Dentre estas, os infartos destacam-se particularmente entre as mulheres, superando em oito vezes o número de óbitos por câncer de mama. Segundo dados do Ministério da Saúde, uma em cada cinco mulheres corre o risco de sofrer um infarto em sua vida.
Um fenômeno preocupante é a maior taxa de mortalidade feminina após um infarto agudo do miocárdio, em comparação aos homens, somado ao fato de que mulheres apresentam mais fatores de risco. No entanto, o diagnóstico de infarto em mulheres no Brasil é frequentemente subestimado. Isso ocorre devido a um atendimento mais lento e a não aplicação dos mesmos protocolos utilizados em homens, resultando em menor acesso a procedimentos cruciais como o cateterismo.
O cardiologista intervencionista Sérgio Câmara aponta que, apesar de as mulheres terem uma frequência menor de infartos, quando ocorrem, tendem a ser mais graves, especialmente durante o climatério, fase que torna as mulheres mais propensas ao problema devido à queda na produção de estrogênio, hormônio que auxilia na dilatação das artérias.
Além da dor no peito, sintoma comum em ambos os sexos, as mulheres podem experimentar sinais menos óbvios de um ataque cardíaco, como desconforto nas costas, mandíbula, pescoço, ombros, náusea, falta de ar, fadiga e sudorese. Estes sintomas menos típicos podem complicar o diagnóstico em mulheres.
Pesquisas indicam que a mortalidade feminina após um infarto é superior à masculina. Um estudo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz revelou que 11,1% das mulheres não sobrevivem um ano após um infarto, contra 8,93% dos homens. Adicionalmente, as mulheres chegam ao pronto-socorro sendo subestimadas e com menor acesso a procedimentos como o cateterismo.
Os riscos de infarto nas mulheres são elevados pela menopausa, estresse e um conjunto de fatores de risco como hipertensão, diabetes, sobrepeso e dislipidemia. Contudo, é importante destacar que até 85% dos riscos de doenças cardiovasculares podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e acompanhamento médico regular.
O infarto, também conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando há interrupção do fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco, frequentemente devido a um coágulo. O cateterismo cardíaco é um procedimento que permite aos médicos ver as artérias coronárias, identificar obstruções e avaliar danos, sendo fundamental para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.