Após ter sido aprovada em 42 universidades, Ilary Reis, uma jovem baiana de 23 anos, se prepara para realizar um grande sonho e se tornar a primeira da família a ingressar no ensino superior. Sua trajetória de sucesso envolve muita dedicação e superação de obstáculos como limitações financeiras e uma criação conservadora.
A preparação para cursar medicina na Universidade Federal da Bahia (Ufba) começou ainda na adolescência, quando ela intensificou os estudos e a leitura nas horas vagas. A escolha pelo curso de medicina veio do desejo de ajudar outras pessoas. Segundo a estudante, ela sempre quis ser médica e achava a profissão bonita.
A jovem vê suas aprovações como resultado do esforço e dedicação nos estudos ao longo dos últimos anos e não se considera uma pessoa superdotada ou extraordinária. Ainda assim, ela incentiva outros jovens a estudar e acreditar em si mesmos. “Faça por você, entenda os seus processos. Estude, leia. Às vezes, você não tem referência. Nesse caso, siga pelo caminho inverso. Seja a sua referência”, disse em entrevista.
Além de ter sido aprovada em 42 universidades, Ilary também foi aprovada em um concurso da Polícia Militar da Bahia aos 18 anos. Ela trabalha atualmente no Centro Integrado de Comunicações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia e se divide entre Salvador e sua cidade natal, Maragogipe.
A baiana acredita que sua história pode inspirar outros jovens que enfrentam dificuldades na busca pelo ensino superior. “Não se apeguem aos números. Se apeguem ao processo”, concluiu.
No entanto, ela não considerou o feito especial e explicou que enxerga as aprovações como resultado dos estudos que teve ao longo dos últimos anos. “Eu não me acho superdotada, não me acho uma pessoa fora da curva, não me acho uma pessoa extraordinária. Eu me acho uma pessoa que se esforçou bastante, focou e obteve um resultado. Essas coisas vêm aos poucos. Eu sei o quanto eu estudei, o quanto eu batalhei, o quanto eu errei para conseguir um resultado. Na hora do glamour é muito fácil”.
Ilary foi criada por avós e tios maternos em Maragogipe, cidade do recôncavo baiano. Sua mãe morava em Salvador e trabalhava para ajudar a pagar as contas. Apesar de limitações financeiras e de uma criação conservadora, Ilary iniciou uma leitura ainda muito jovem. Além de consumir os livros da biblioteca da escola pública onde estudava, também tinha acesso a obras emprestadas por amigos. “Eu me diverti muito nos livros. Parecia que era um conteúdo audiovisual com todos os recursos possíveis. E eu aprendi a ler rápido”.
Ela conta que não havia uma cobrança pesada em casa por boas notas, mas que era incentivada a conquistar resultados, e praticava ela mesma essa exigência.
“Eu sempre fui incentivada a estudar, mas eu nunca fui cobrada. Eu nunca fui pressionada. E, justamente por isso, eu me pressionava. Como não tinha ninguém pra me mandar fazer, eu fazia questão de fazer tudo certinho para não ser chamada “.