Eita como tem sido uma satisfação, rapaz, ver essa movimentação de público nesses dias de Mostra SESC de Artes Aldeia Mulungu. É muito legal ver novos rostinhos na plateia interessados em eventos culturais, e enxergar essa galera como agentes multiplicadores da formação de plateia aos variados artistas que Paulo Afonso (BA) cultiva e recebe.
{relacionadas} No 4º dia da Aldeia Mulungu, a Cia. do Tijolo (SP) mais uma vez mostrou que é mestre na arte de encantar. E não só isso, em plena segunda-feira (06) à noite, se apresentou com lotação máxima de público na caixa cênica que foi montada no COPA (Clube Operário de Paulo Afonso) para o espetáculo "Ledores no Breu".
Confesso que, no início, foi difícil me conectar ao monólogo do ator Dinho Lima Flor. Não sei se pela falta de intimidade com apresentações do tipo, pelo tempo que fiquei sem ir ao teatro, se foi pelo espaço… Eu não sei. Mas de repente, e eu também não sei como, fui carregado para mergulhar no universo daquela encenação e não queria mais sair.
Gente, e como é engraçado essa nossa relação com o tempo, né!? O monólogo teve cerca de 01h30 de duração, no entanto pareceu tão pouco… É aquela velha história: quando estamos curtindo muito algo, realmente envolvidos, as horas passam que a gente nem vê. Foi justamente assim pra mim com "Ledores", que nos deixa inquieto mesmo após o fim da sua apresentação.
Lembra do poder de encantamento da Cia. do Tijolo que eu falei? Então… Com delicadeza, poesia, reflexão e protesto, o espetáculo abordou o analfabetismo – mas não só o funcional, também o analfabetismo afetivo, o analfabetismo político, por exemplo -, em uma cumplicidade com a plateia que tornou expectadores e ator entregues totalmente às energias daquele momento único.