Fernanda Lima fala sobre privilégios e luta por minorias

Está marcada para esta quarta-feira na Justiça do Rio, uma audiência do processo criminal — há outro numa Vara Cível — que Fernanda Lima move contra o cantor sertanejo Eduardo Costa. Em outubro, o músico chamou a apresentadora de “imbecil” depois que ela, no programa “Amor & Sexo”, defendeu as lutas das mulheres e das minorias. A apresentadora tornou-se uma das vozes na luta em defesa dos direitos das minorias e contra o conservadorismo. Nascida em Porto Alegre, ela conta que sua vida mudou ao notar seus próprios privilégios:

“Minha vida mudou quando me dei conta dos meus privilégios, e nem sempre isso foi óbvio. Sou branca, sulista, heterossexual… São muitos lugares de privilégio”, contou a loira em entrevista para a revista “Trip”. Aos 41 anos, Fernanda enfrenta um tsunami de ódio conservador, principalmente, pelas redes sociais. Apesar disso, ela continua se posicionando pelo Instagram.

“Não acredito que o ódio destilado nas redes traduza o que essas pessoas são”. Fernanda Lima é jornalista formada pela Fiam (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas), de São Paulo. Mas começou a trabalhar aos 14 anos como modelo. Seus maiores críticos a atacam por morar fora do Brasil, mas na entrevista ela conta que se mudou com o marido para viver como anônima, longe dos registros dos paparazzi.

“Morar fora não me tira o direito de participar das lutas em que acredito para construir um país melhor. Minha casa sempre foi e vai ser o Brasil. Trabalho no Brasil, pagos meus impostos no Brasil. O pior seria se eu morasse fora e ficasse calada, não?”, questiona a ex-modelo. Casada com o também apresentador Rodrigo Hilbert desde 2004, Fernanda conta que poderia ter se mudado para Portugal, como muitos brasileiros têm feito, mas decidiu dar voz às minorias:

“Eu poderia ter sido uma Barbie. Sou uma mulher dentro dos padrões, tenho um maridão, dois filhos, vivo bem e, se seguisse o recado do mundo, estaria bem quietinha comprando uma casa em Portugal e ninguém me esculhambando nas redes sociais. Mas eu disse para o mundo que não vou por aí. E não acho que sou um ser humano especial por fazer isso. Só estou fazendo o que me parece certo”.

A apresentadora também revela só ter percebido que sofria com o machismo após uma campanha contra o assédio: “Há seis anos, eu dizia que não sofria com o machismo. Eu realmente achava que não sofria com o machismo. E aos poucos, com a campanha do primeiro assédio e todas essas coisas, fui me lembrando de episódios.”

Comandando o “Amor & Sexo” desde 2009, Fernanda Lima conta que é parada nas ruas para ouvir casos de telespectadores: “De repente fui vendo o frentista me pedindo para abrir o vidro do carro para me contar que a mulher dele não gostava de sexo, o porteiro me chamar pra dizer que tinha desejo em homem e que não sabia como lidar… Aí eu falei: “Meu Deus, que missão eu tenho aqui!”.