Nestes quase três séculos de caminhada, nesta que é uma das mais antigas paróquias da Bahia, o Brasil mudou de regime algumas vezes: da monarquia à república, vivendo guerras internas e externas, entre tantos levantes, a Guerra de Canudos, para ficar mais próximo geograficamente, e o povo continuou na Igreja. Neste período, havemos de concordar, a própria Igreja viveu revés, e o povo lá.
Quando a multidão atravessou as ruas de Jeremoabo, nesta sexta-feira, 24 de junho, siando da Rosa Mística para a histórica Igreja Matriz de São João Batista, temos a certeza que a fé pode ser pequena “como um grão de mostarda”, porém, uma vez germinada o tempo só fortalece.
A procissão passou, algumas pessoas na calçada confraternizavam com as famílias, afinal é São João, e tantos chegam de longe, mais há muito respeito à Igreja.
A santa missa foi presidida por dom Guido e concelebrada pelo Pe. Ramos (pároco) e Pe. Geraldo (vigário).
“Me chamou atenção ser 298 anos de procissão, então eu pensei: o que é que atrai ainda tantas pessoas?, o que é que faz uma festa tão antiga ter algo sempre novo?”, iniciou o bispo.
Dom Guido refletindo o Evangelho, disse que os anseios dos que procuram João Batista quando este anunciou o Salvador, são os mesmo que nos acomete hoje:
“Eram pessoas como cada um de nós: pessoas feridas, inquietas, alegres e que estavam bem no casamento ou mal. Toda humanidade daquele tempo como hoje nós. Procuravam em João Batista uma possibilidade de resposta e de consolo”.
“João Batista o Maior Dentre os Nascido de Mulher” o tema escolhido para celebrar os 298 anos de festa.
“João Batista tinha consciência que nem a lei, nem o esforço pessoal, nem ele podiam resolver o problema humano de cada um de nós, por isso, sempre falou neste desconhecido que é Jesus”, contou o bispo.
“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, para a maioria das pessoas que escutavam João Batista apenas mais uma frase de efeito, para André e Felipe o reconhecimento de Cristo, e a partir desse encontro com o Salvador, o começo do cristianismo”, completou dom Guido.
João Batista filho de dois velhos
“Deus escolhe para dar vida a João Batista duas pessoas idosas, incapazes de gerar, a primeira coisa que nós precisamos ter presentes é que Deus é quem nos escolhe, na liberdade Dele”.
O sacerdócio e o testemunho
“Tantas vezes dizemos que o povo não nos ouve, e muitas vezes somos nós que não sabemos comunicar. Comunico uma experiência? É algo que eu penso?, eu realmente trabalho e vivo amando a Jesus?”
A Igreja em saída
“Cristo fala para quem aceita ser amado, Cristo entra no coração para quem aceita se esvaziar, a Igreja em saída não é reproduzir nas praças ou nas ruas o que já fazemos na igreja. A Igreja em saída diz respeito à humanidade nova de Jesus, vamos colocar esta semente ali onde o Senhor nos chama: na família, no trabalho e no lazer”.
Pe. Ramos agradece
Feliz com a participação do povo durante todas as noites, onde o frio não desanimou os fiéis e na última noite as comunidades da área rural marcaram presença, Pe. Ramos disse que além da fé do povo, Jeremoabo tem algo que muitas paróquias queriam:
“Quem sabe o que é levante a mão?”, e o povo respondeu: a rádio. “A rádio vai passar para FM 104.9, nós precisamos de uma rádio para evangelização, que anuncia o nome de Jesus”, disse Ramos, se referindo à Rádio Vazas Barris, que ele administra.
Depois cantou e cumprimentou os fiéis que ficavam por ali até terminar tudo. “Agradeço a dedicação, ao trabalho do Pe. Geraldo, das freiras e cada pessoa que colaborou esses dias”.