O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) vai investigar o vazamento de imagens do cantor sertanejo Cristiano Araújo, morto na madrugada da última quarta-feira (24) em um acidente de carro na BR-153 junto com sua namorada, Allana de Moraes.
{relacionadas}"As cenas do vídeo em questão mostram o atendimento restrito à Emergência do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Entretanto, é necessário frisar que, além do corpo clínico do hospital, também estavam presentes neste momento outros profissionais, que não pertencem aos quadros da instituição, e tiveram acesso ao local em função do suporte conjunto dado ao cantor Cristiano Araújo”, declarou a instituição em sua defesa.
A nota cita ainda a abertura de uma investigação interna para apurar como tais registros foram vazados.
“Diante das imagens, a unidade informa que, imediatamente, irá instaurar uma investigação para apurar a denúncia e, caso fique comprovado o envolvimento de um de seus colaboradores na produção e divulgação do referido vídeo, será aplicada penalidade condizente com a intolerância a este tipo de conduta dentro do hospital.”
“O Hugo repudia veementemente qualquer tipo de ato que atente contra a integridade do paciente e a ética profissional. Os valores que norteiam a postura do hospital são contrários às atitudes que exponham ou constranjam pacientes, e vêm sendo disseminados permanentemente entre seus colaboradores”, concluiu o comunicado.
Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra também o processo de retirada dos órgãos do cantor, realizado durante a preparação do corpo para o velório.
Em suas devidas defesas, a funerária responsável pelo translado dos corpos diz não ter responsabilidade no vazamento e inteirou que apenas fez o transporte do IML até a clínica. Já o IML de Goiás analisou as imagens e enumerou uma série de características que não batem com os locais onde os corpos passam por autópsia.
“No dia, inclusive, montamos um esquema para proteger a imagem do Cristiano Araújo. Cobrimos as janelas e tivemos o apoio de um batalhão da PM para que ninguém entrasse no complexo no momento da necropsia”, relatou ao Portal da Band um funcionário do órgão, que esteve presente no IML no dia da morte do cantor.
Ainda segundo o funcionário, a Polícia Civil de Goiás abriu uma investigação para apurar os fatos. A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da polícia civil, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.
Ato é mau procedimento previsto na CLT e causa dispensa por justa causa
Consultada pelo Portal da Band, a advogada e professora de direito do trabalho da PUC Fabíola Marques disse que o funcionário (ou funcionários) que vazou essas imagens deve responder pelo ato.
“Havendo a comprovação de que o profissional usou as imagens de forma indevida, fica caracterizado o mau procedimento previsto na CLT”, declarou. “Portanto, ele pode ser dispensado por justa causa.”
Na rescisão por justa causa, o empregado perde todos os direitos como aviso-prévio, férias proporcionais, 13º salário, FGTS e Seguro-Desemprego.
Familiares podem, ainda, processar o hospital. “Nesse caso é o hospital que tem que responder e pagar pelos atos do empregado”, explicou Fabíola. “Eventualmente, o hospital pode entrar com um pedido de ressarcimento e cobrar do funcionário o valor que a instituição foi obrigada a pagar.”