Desde que foi anunciada como âncora do “Jornal Nacional” aos sábados, a jornalista Maria Júlia Coutinho se tornou assunto nas redes sociais. Instantaneamente, seu nome foi associado a um marco revolucionário: em 50 anos do telejornal no ar (data comemorada no próximo mês de setembro), Maju é a primeira mulher negra a ocupar a bancada. A quebra de paradigmas resultou numa inversão de papéis, e a repórter virou notícia:
— A comoção é válida, mas a questão é ainda ser assim. Há uma carga simbólica que não dá pra ser negada, e eu não a questiono. Precisamos lembrar, no entanto, de Zileide Silva no “Jornal hoje” e de Heraldo Pereira. Lá na frente, espero que uma mulher negra em destaque não seja motivo de atenção, porque será normal. Que apareçam outras Zileides, outras Majus — destaca a jornalista, segura de que sua trajetória profissional foi determinante para chegar ao posto.
Consciente da exposição que a bancada do “JN” traz, Maju já considerou se tornar novamente alvo de ataques racistas. Em 2015, ela sofreu com o problema, o que incitou a campanha #SomosTodosMaju por parte de colegas:
— Eu estou blindada. Se acontecer de novo, iremos, mais uma vez, atrás dos autores na Justiça. Seja com a Maju ou com a Maria do Rio Grande do Norte, é crime. Estou preparada porque sei do meu trabalho, tenho a confiança dos meus pais e da produção — afirma.