‘Malhação’ tem mudança no formato para ‘Vidas Brasileiras’

Desde sua primeira temporada, em 1995, a novela adolescente Malhação sempre teve como foco central o romance – ou triângulo amoroso – entre seus jovens protagonistas. Na estreia, o trio Danton Mello, Juliana Martins e Luigi Baricelli era o responsável por guiar a trama. Agora, 26 temporadas depois, a novela não terá apenas um casal ou trio protagonista – todo mundo estará em foco, em algum momento. Em "Malhação – Vidas Brasileiras", temporada que estreia nesta quarta-feira (7), na TV Globo, a novela ganha uma nova abordagem, inspirada num formato canadense, e vai trazer a cada quinzena um jovem como o protagonista de sua própria história. O cenário, depois de colégios fictícios que marcaram época, como o Múltipla Escolha e Primeira Opção, será a escola Sapiência, onde a professora Gabriela, vivida por Camila Morgado, dá aula.

Gabriela é uma professora dedicada e determinada, que decide parar de dar aula no Sapiência, um colégio particular, para tentar levar educação de qualidade para jovens de baixa renda. Seus alunos, porém, não ficam satisfeitos com a notícia e pedem para que ela continue na escola. A solução encontrada por ela, então, é fazer uma parceria com uma ONG, e assim levar jovens carentes para o Sapiência. "Ela é o tipo de professora, como muitos que a gente tem na vida, que deixa sua marca e estimula os alunos", explica Camila Morgado, à reportagem, sobre a personagem. "A vida escolar é o ideal de vida dela, ela tem essa vocação. Acho que falar sobre educação de qualidade para todos é algo muito importante no atual momento do País."

A atriz, que teve uma série de encontros com professores da vida real, promovidos pela Globo, se diz uma admiradora da profissão. "É uma profissão tão mal remunerada, mas tão importante para todos". Além de educadora, porém, Gabriela terá uma função diferente na trama – a de investigadora. "Ela tem um olhar diferente para os alunos, ela rompe a barreira escolar", explica Camila, que, para compor esse lado da personagem, se inspirou na série policial The Killing. É a partir de situações na sala de aula e problemas no colégio que Gabriela vai perceber que certos alunos precisam de uma atenção especial. Assim, a cada duas semanas, um jovem terá destaque e será o "protagonista".

Os problemas dos alunos devem refletir os problemas de muitos jovens. São temas profundos, que vão de assédio a corrupção e gordofobia. "Os temas são delicados e por isso precisamos tratar com delicadeza", afirma a autora da temporada, Patrícia Moretzsohn. "Queremos aproximar os jovens e suas famílias, para que possam dialogar sobre os assuntos. Não queremos chocar ou fazer com que as pessoas aceitem algo que não acreditam, mas incentivar esse diálogo". "É importante ir mais a fundo", acredita a diretora artística Natália Grimberg. "Vamos pegar problemas reais e passar a conhecer melhor esses personagens. Não existem mocinhos ou vilões, os jovens são múltiplos". Foi Natália a responsável por formar o jovem elenco desta temporada. Depois de entrevistar mais de 500 atores, ela escolheu 80, que passaram um mês na TV Globo. Ao final, 17 foram escolhidos para estrelar Vidas Brasileiras. A grande preparação foi para que todos os atores conseguissem se tornar bons protagonistas. "Uma coisa é você estrear num papel pequeno, outra é se tornar o protagonista."

Para aproveitar a diversidade do elenco, que vem de oito Estados brasileiros, e também as suas aptidões da vida real, Natália e Patrícia adaptaram os personagens da trama. Quem sabe tocar instrumentos musicais, por exemplo, pode usar o talento na telinha. Quem tem sotaque do seu Estado natal, também, poderá mantê-lo. "Isso nasceu de uma convicção minha", explica Patrícia. "Por mais talentosos que sejam, eles estão começando, então quanto mais próximos da realidade e mais confortáveis para o papel, melhor eles rendem", acrescenta ela.