Apesar de, em média, terem um sono um pouco mais longo, cerca de 12 minutos, a qualidade do sono das mulheres é inferior à dos homens. A informação é do Instituto do Sono, com base em estudos norte-americanos.
Em geral, o tempo de descanso para os adultos costuma ser entre 7 e 8 horas noturnas. Helena Hachul, ginecologista e pesquisadora do Instituto do Sono, analisou que as mulheres apresentam os piores níveis de sono devido a alterações hormonais e ao excesso de tarefas, tais como atividades profissionais e cuidados com a família.
A pesquisadora explica que apneia obstrutiva do sono, sono insuficiente, sono fragmentado, insônia e má percepção de sono estão entre os problemas mais comuns para as mulheres. Alguns desses transtornos são causados por alterações hormonais que surgem na puberdade, nos ciclos menstruais, na gravidez e na menopausa.
Além disso, fatores sociais influenciam negativamente o sono feminino, já que as mulheres realizam, aproximadamente, o dobro das tarefas domésticas em relação aos homens e cuidam dos filhos por duas vezes mais tempo.
“A sobrecarga de tarefas, às vezes acrescida de obrigações profissionais, provoca a privação de sono. É necessário averiguar se ela é casada, tem filhos, se tem ajuda familiar e se tem um emprego. A rotina carregada de compromissos e as variações hormonais típicas do gênero feminino necessitam que as mulheres disponham de mais tempo para dormir. Há 40% mais risco de insônia para as mulheres, diz Helena.
Fases da vida e hormônios
De acordo com Helena, as mulheres em idade fértil têm, na primeira metade do ciclo menstrual, um nível de estrogênio superior ao da progesterona, enquanto na segunda metade ocorre o oposto.
“Isso interfere na qualidade do sono, que piora no período pré-menstrual, sobretudo se a mulher tiver Tensão Pré-Menstrual. Existem mulheres que apresentam insônia e outras que têm sono excessivo.
Outro problema está ligado a um desequilíbrio hormonal, o ovário policístico. A patologia é caracterizada pela presença de vários cistos nos ovários, provocando a irregularidade menstrual e, em alguns casos, o aumento dos níveis de hormônio masculino.
“As mulheres com ovário policístico apresentam alterações metabólicas. Além disso, do ponto de vista do sono, roncam e têm apneia com mais frequência, piorando a qualidade do sono que fica fragmentado.
A gravidez e o puerpério também prejudicam a qualidade do sono da mulher, variando de acordo com o trimestre em que se encontra. No primeiro semestre é mais recorrente que haja maior cansaço durante o dia, no segundo já é mais tranquilo.
“No último período da gestação, o sono torna-se fragmentado devido ao aumento do volume abdominal e ao tamanho do bebê. “Nestes casos, as interrupções são mais comuns, podendo haver mais insônia e apneia”.
Helena salientou que, na menopausa, o fim do período reprodutivo, pelo menos 60% das mulheres sofrem com insônia. Durante este período, os hormônios não estão presentes, levando a uma queda nos níveis de estrogênio, provocando o aumento das ondas de calor e, consequentemente, a interrupção do sono.
“Aproximadamente 60% das mulheres que estão na menopausa sofrem com insônia e, a cada centímetro de cintura que aumenta com a menopausa, o risco de ter apneia na pós-menopausa cresce 5%. A especialista esclareceu.