Padre é afastado após questionar inocência de menina de 10 anos: ‘Compactuou com estupro’

A Igreja Católica afastou padre Ramiro José Perotto, da paróquia de Carlinda (MT), da comunidade religiosa. Nesta terça-feira (19), o religioso publicou em suas redes sociais que a menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio, no Espírito Santo, “gosta de dar” e compactuou com os atos do parente.

O padre tinha publicado uma mensagem do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que classificou a interrupção da gravidez da menina como “crime hediondo”. 

Uma série de pessoas repudiou a posição tomada pelo religioso. Questionado pelo comentário, o padre disse que duvidava que uma criança abusada deixaria de comentar sobre os abusos. “Aposto, minha cara. Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente. Gosta de dar então assuma as consequências“, escreveu. “Você acredita que a menina é inocente? Acredita em Papai Noel também. Seis anos, por quatro anos, e não disse nada. Claro que estava gostando“, afirmou em um outro post no Facebook, e logo depois excluiu a própria conta.

De acordo com o portal local Repórter MT, a Paróquia de São Pedro Apóstolo, o Conselho da Igreja, fez uma reunião nesta quinta (20) para ver quais providências serão tomadas em relação ao padre.

O religioso ainda publicou um pedido de desculpa mais tarde, por meio de comunicado, segundo o G1. “Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana. Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão“, escreveu.

O caso da menina de dez anos estuprada pelo tio tomou repercussão nacional após ela dar entrada em um hospital na cidade de São Mateus (ES) e fazer exames que apontaram gravidez.

Ela teve que viajar para Recife (PE) para dar início ao processo de aborto, no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam). O procedimento foi aprovado pela Justiça, mas muitas pessoas foram até a porta do hospital contra a decisão.

A menina teve alta do hospital na última quarta-feira (19). O homem de 33 anos suspeito de praticar os crimes foi preso em Minas Gerais.