Rede do PCC era suprida por produtos da empresa de Renato Cariani, segundo investigações da Polícia Federal

Investigação da Polícia Federal descobre esquema de tráfico ligado a influenciador fitness.

A Polícia Federal (PF) revelou que um suposto esquema de desvio de produtos químicos, associado a Renato Cariani, influenciador fitness com mais de sete milhões de seguidores, estaria abastecendo uma rede criminosa internacional de tráfico de drogas liderada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Cariani, 47 anos, é suspeito de estar envolvido em operações ilícitas que consistem no fornecimento de substâncias químicas para a produção de narcóticos. A ligação entre ele e a facção criminosa foi indicada através de Fábio Spinola Mota, identificado como membro do PCC e preso na Operação Downfall da PF. Essa operação, conduzida no Paraná, focou no tráfico internacional e interestadual de drogas, resultando em prisões e na apreensão de aproximadamente 5,2 toneladas de cocaína.

Mota, libertado recentemente, foi um dos alvos da operação Hinsberg da PF de São Paulo, que também incluiu Cariani e Roseli Dorth, sócia do influenciador na Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., situada em Diadema. Embora a prisão deles tenha sido solicitada, a Justiça negou o pedido. Na residência de Mota, foi encontrada uma quantia significativa de dinheiro.

As investigações apontam que a Anidrol, sob supervisão da PF, desviava produtos químicos legalmente adquiridos, como acetona e éter etílico, para a fabricação de cocaína e crack. As transações eram camufladas com notas fiscais falsas e depósitos em nomes de terceiros, utilizando indevidamente a identidade da multinacional AstraZeneca.

Segundo o delegado Fabrizio Galli, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, o esquema foi descoberto após a Receita Federal identificar depósitos suspeitos atribuídos à AstraZeneca, que negou tais movimentações e vínculos com a empresa de Cariani.

Investigações adicionais revelaram uma rede de comunicação fraudulenta, incluindo trocas de mensagens e a criação de um domínio de internet e email falso, vinculados a um suposto funcionário da AstraZeneca, mas que na realidade seria Mota, colaborador de Cariani.

A PF estima que o esquema tenha gerado mais de R$ 6 milhões para o grupo. Cariani e outros suspeitos enfrentam acusações de tráfico equiparado, associação para tráfico e lavagem de dinheiro, com penas potenciais excedendo 35 anos de prisão.

Em declaração nas redes sociais, Cariani expressou surpresa com a operação e tranquilidade quanto à situação. Ele enfatizou a legalidade e longevidade de sua empresa, ressaltando sua confiança na justiça.