O samba-reggae, ritmo que embala Salvador, busca o reconhecimento como patrimônio cultural da cidade. Criado entre as décadas de 1980 e 1990, o gênero musical tem um criador conhecido, mas ainda busca um selo que o reconheça oficialmente.
Neguinho do Samba, um dos grandes nomes da música baiana, é o mestre por trás dessa sonoridade. O samba-reggae é considerado um dos pilares do Axé Music, movimento que revolucionou a música em Salvador. Que tal valorizar ainda mais essa história?
Em 2024, o vereador Silvio Humberto (PSOL) apresentou um projeto na Câmara Municipal para garantir o título de Patrimônio Imaterial para o ritmo. A proposta visa a preservação do samba-reggae em parceria com a sociedade.
A proposta chegou a tramitar, mas foi arquivada em janeiro, seguindo o regimento interno da Câmara. Mas calma, a história não termina aqui! Em março, o projeto voltou a ser movimentado e segue ativo, aguardando novas etapas.
Mas, afinal, o que é um patrimônio cultural imaterial? São as práticas, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades reconhecem como parte de sua cultura, transmitidas de geração em geração.
Neguinho do Samba uniu o reggae da Jamaica com o samba, criando uma batida única. Essa mistura deu origem a um som cheio de personalidade, com a marca de Salvador.
O Olodum, bloco percussivo que revelou Neguinho, é um dos maiores representantes do samba-reggae. Margareth Menezes também ajudou a popularizar o gênero com a música ‘Faraó (Divindade do Egito)’.
Blocos afro como Didá, Muzenza e Ilê Aiyê, além de Carlinhos Brown e Daniela Mercury, também são importantes divulgadores do ritmo. Eles ajudaram a levar o samba-reggae para o mundo.
Neguinho do Samba se inspirou na dança das mulheres do Ilê Aiyê para criar o ritmo. “A maneira como elas iam dançando, como mudavam os passos, e eu ia fazendo aquilo com o tambor”, contou ele.
Com tambores, atabaques, agogô e pandeiro, o samba-reggae exalta a cultura negra. As letras dão voz ao protagonismo negro e cantam a realidade local. Uma verdadeira manifestação artística e política!
Um estudo da Ufba aponta que o samba-reggae criou um novo jeito de fazer música no Brasil. Além disso, fortaleceu a identidade afro-brasileira, dando mais espaço e poder para a comunidade.
O samba-reggae conquistou o mundo e chamou a atenção de artistas como Paul Simon e Michael Jackson. O Olodum chegou a ganhar um Grammy na categoria World Music em 1991.
“Considerando a importância do registro do Samba Reggae como patrimônio imaterial da cidade de Salvador, com o objetivo de realizar a identificação e produção de conhecimento sobre o bem cultural”, afirmou Silvio Humberto.
O título de Patrimônio Imaterial vai proteger o samba-reggae, valorizar as comunidades envolvidas, conscientizar sobre sua importância e promover a cooperação internacional.