Tony relembra prisão após show de Elis Regina: ‘Fiquei satisfeito ao ser preso.’

Tony nasceu em Mirante do Paranapanema, interior de São Paulo, e foi para o Rio de Janeiro quando jovem. “Meu sonho era estar em uma grande cidade, movimentada, onde minha voz pudesse ser ouvida.” Isso foi aos 11 anos! Tony contou como tudo começou ao chegar à cidade do Rio de Janeiro:

“Quando tinha 12 anos, morava atrás da estação central do Brasil, na favela do Morro de São Diogo. Lá eu vendia balas, amendoim, adesivos de trem e fugia da polícia. Eu me apresentei para as pessoas que me perseguiam. Eu disse: “Vim para solicitar a sua ajuda para encontrar uma escola para mim. Nessa vida não vou conseguir nada, a não ser vender amendoim e balas. A Escola Agrícola Saboia Lima foi o local que me ensinou, um nome que ainda permanece na memória. “

“Quando cheguei ao evento, notei ser o único desconhecido ali. Tinha grandes estrelas: Tom, Vinícius… (risos). E eu era um grande fracassado no festival devido à minha persistência. Cantei “BR-3″. Com outra intenção, tentaram de tudo para me silenciar porque eu era vista como a voz dos afrodescendentes. Preciso ganhar aquele festival, é meu único cartão de visita.(…) Dormi em pé até a oportunidade do veio o festival e eu pensei: ‘É tudo ou nada’ Quando entrei, Tony Tornado e Trio Ternura, ninguém sabia.

“Pensei: ‘Mesmo que não ganhemos, eles têm que nos conhecer’. Naquela época, todos usavam casacos e era fofo. Eu, por outro lado, não usava camisa, botas, cabelo… Era uma coisa nova e eu sabia disso. Minha vida mudou. Meu empresário na época me deixou no Hotel Glória, foi bom, tomei café da manhã, descansei. De lá para cá tudo mudou, graças a Deus.”

Tony Relembra Prisão Após Show De Elis Regina

“Em 1971, Elis Regina era presidente do júri do Festival Internacional de Dança. E, ela comandava o show. Ela cantou, e de repente ela cantou ‘Black is Beautiful’. Essa é a melhor escolha para mim, a melhor entrada que poderia ter. Não sou famosa. Ajo com o coração. Quando ela canta: “Quero uma pessoa de cor… ”. Pensei: “Sou eu! “Subi ao palco, fiquei ao lado de Elis Regina e levantei os braços e os punhos. Claro, já caí com ele algemado. Apesar de ser agressivo, consegui o meu objetivo de mostrar a todos que os negros são lindos, certo? Tenho orgulho de ser negro. Estou preso, mas muito feliz, muito realizado”.

“Eu não diria que criei nada, apenas ‘abrasileirei’ o que vi lá. Como se tivéssemos dança, e eu estivesse envolvido com esse movimento chamado Black Rio, que me trouxe uma pergunta posterior, mas vale a pena.