Na madrugada desta quinta-feira (22), Deir Al-Balah, cidade localizada no litoral da Faixa de Gaza, foi cenário de uma tragédia que ressoa profundamente no mundo do futebol. Mohammed Khattab, árbitro assistente de reconhecimento internacional pela FIFA desde 2022, perdeu a vida em um bombardeio realizado por Israel. Além de Khattab, sua esposa e seus quatro filhos também foram vítimas fatais do ataque, que provocou mais de 25 mortes, envolvendo outros membros da família Khattab.
Khattab estava inserido em uma seleta lista de 14 palestinos que obtiveram reconhecimento pela entidade máxima do futebol, destacando-se em importantes competições ao redor do globo. Sua morte causa uma lacuna irreparável tanto no campo esportivo quanto no contexto humanitário.
Deir Al-Balah, ao longo dos anos, tem sido um dos pontos focais de ataque na região, marcado também pelo suporte ao Hamas nas eleições de 2005. Contextualizando a dimensão da perda para a comunidade esportiva palestina, um relatório da Federação Palestina de Futebol, divulgado em dezembro de 2023, indicou que, durante os conflitos atuais, 85 membros da comunidade esportiva, majoritariamente futebolistas, foram mortos.
Em resposta a esses acontecimentos, uma coalizão de doze países árabes direcionou um pedido formal à FIFA solicitando a expulsão de Israel. Os signatários, que incluem Bahrein, Iraque, Kuwait, Líbano, Omã, Palestina, Catar, Arábia Saudita, Síria, Iêmen e Emirados Árabes Unidos, fundamentam sua requisição nas perdas sofridas pela comunidade esportiva, citando explicitamente os assassinatos de jogadores, treinadores e árbitros.
Essa solicitação encontra precedentes históricos, a exemplo do ocorrido em 1974, quando Israel foi excluído da Confederação Asiática de Futebol (AFC), após movimento conduzido por países árabes, sendo posteriormente integrado à UEFA. Este incidente ressalta a contínua intersecção entre política e esporte, provocando debates sobre as implicações de conflitos geopolíticos nos universos esportivos e humanitários.