CPI do VAR: Senadores Questionam a Transparência das Decisões no Futebol

Senador acusa protocolo do VAR de permitir manipulação ao não obrigar árbitro de vídeo a mostrar todos os ângulos ao árbitro de campo.

manipulação

Durante uma audiência na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado Federal, Wilson Luiz Seneme, presidente da comissão de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), enfrentou questionamentos acalorados sobre o protocolo do árbitro de vídeo (VAR). Ao explicar que “protocolamente, pelos róis de função, um árbitro de vídeo não está obrigado a mostrar para o de campo todos os ângulos que estão na cabine, nem todos os ângulos que ele visualizou”, Seneme despertou veementes reações.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) rebateu argumentando que tal prática poderia ser considerada manipulação, pois permitiria ao árbitro de vídeo exibir apenas as imagens que lhe conviessem: “Isso é muito grave, é a vontade discricionária da cabine do VAR. Já aconteceu, não vai voltar o campeonato, não estou dizendo que houve manipulação [de resultado], não entro em clubismo. Mas você dizer que a cabine do VAR não é obrigada a mandar todos os lances para elucidação do árbitro de campo é seríssimo. Torna ainda mais séria a necessidade de investigação dessa partida”.

Portinho complementou: “O árbitro do VAR escolher o que ele manda para o campo… Isso é manipulação, isso induz. Aconteceu nessa partida e eu estou vendo que acontece em outras, porque ele pode fazer isso, mandar as imagens que ele quiser”. O senador Eduardo Girão (NOVO-CE) apoiou Portinho, manifestando preocupação com a falta de acesso do torcedor a tais imagens durante a transmissão.

A partida em questão foi a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo por 4 a 3, com o lance polêmico envolvendo a expulsão do zagueiro Adryelson, recomendada pelo árbitro de vídeo Rafael Traci ao árbitro de campo Braulio Machado da Silva.

Investigação em andamento

A CPI, aberta após requerimento do senador Romário Faria (PL-RJ), apura a possível manipulação de resultados no futebol brasileiro. Já foram ouvidos John Textor, dono da SAF do Botafogo, e os presidentes do São Paulo, Julio Casares, e do Palmeiras, Leila Pereira.