A ex-enfermeira de Mario Jorge Lobo Zagallo, figura emblemática do futebol brasileiro, iniciou uma ação judicial acusando o filho caçula do treinador, Mario Cesar, de assédio moral. A profissional, que ofereceu cuidados ao ex-técnico durante seus últimos dias, busca uma indenização significativa de R$ 328.115,27, alegando que sofreu diversas formas de abuso durante seu período de trabalho.
O processo está sendo realizado sob sigilo no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro e envolve o espólio de Zagallo, que faleceu em janeiro aos 93 anos. Segundo relatos da enfermeira, ela era responsável por cuidar do ex-treinador no hospital até o momento de seu falecimento e afirma que, após a morte, teve que reivindicar direitos trabalhistas, como FGTS e 13º salário, além de compensações por férias e horas extras.
Durante o trabalho, sob a gestão de Mario Cesar, a enfermeira diz ter sido sobrecarregada com tarefas fora de seu escopo, como limpar, passar e cozinhar, devido à ausência da funcionária da limpeza em meio à pandemia. Essas atividades extras eram, segundo ela, demandadas de forma agressiva e muitas vezes sob gritos, configurando um “ambiente de trabalho hostil e humilhante”.
Além disso, a enfermeira relatou episódios de constrangimentos em um grupo de WhatsApp, onde o filho de Zagallo teria feito comentários depreciativos e compartilhado vídeos que questionavam a limpeza do local, aumentando a pressão sobre seu trabalho. Esses eventos culminaram em uma situação particularmente crítica quando ela teve que levar Zagallo ao hospital com suspeita de infecção, no mesmo dia em que essas acusações foram feitas.
Contratada em julho de 2017, a enfermeira cuidou de Zagallo, que já necessitava de assistência contínua para locomoção, alimentação e higiene, sob um acordo de pagamento de R$ 2.400 por mês com adicionais por plantões emergenciais. Após a morte de Zagallo, ela foi dispensada em 5 de janeiro deste ano.
A tentativa de contato com Mario Cesar e sua advogada para comentários sobre o caso não obteve retorno.