Entidade quer processar ginastas da seleção por injúrias raciais contra colega

A Educafro, entidade que oferece programas de educação para negros e pessoas carentes, apresentou queixa-crime na Polícia Federal contra os ginastas Arthur Nory, Henrique Flores e Fellipe Arakawa. A organização pede a abertura de inquérito policial para investigar injúrias raciais contra o também ginasta Ângelo Assumpção, e alega dano moral coletivo para a população negra no episódio.

Em vídeo divulgado na internet na semana passada, os três ginastas fazem comentários a respeito da cor da pele de Ângelo, que é negro. “Se o celular funciona, é branco. Se estraga, é preto. Saquinho de supermercado? É branco. Saco de lixo? É preto”, disseram. Diante da repercusão, os atletas divulgaram outro vídeo, pedindo desculpas, com a presença de Ângelo.

Foto Divulgação

“Exageramos e passamos dos limites”, escreveu Nory na descrição do vídeo. “A brincadeira teve uma proporção muito grande, negativa”, disse Henrique Flores. “Mas não tem problemas, a gente é amigo”, considerou Ângelo.

Para o diretor executivo da Educafro, frei David Santos, todos os negros do país foram ofendidos. “Nesse caso, ficou muito evidenciado, quando os três atletas tratam o povo negro como saco de lixo. Saco de lixo não é aquele menino só, mas todo e qualquer negro, na compreensão deles. Eu e todo e qualquer negro nos sentimos fortemente ofendidos com aquele tratamento”, disse o diretor da Educafro.

A entidade solicita uma indenização que corresponde ao valor de 50 bolsas de estudo para jovens carentes, que seria paga pelos atletas. Segundo Santos, a Educafro deve enviar, na próxima semana, representações à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e à Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos (PFDC), ligadas ao Procuradoria -Geral da República (PGR) para que investiguem o caso.

“Na ação que vamos entrar na semana que vem queremos provar que nós negros nos sentimos ofendidos com a atitude dos três jovens na brincadeira com aquele ginasta, que ali representava toda a comunidade negra nacional”, afirmou Santos.

Na última quarta-feria (20), a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) anunciou o afastamento dos três atletas, a partir de hoje, por 30 dias ou até que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STDJ) da ginástica tome decisão final. Eles deixam a seleção e não podem participar de eventos nacionais e internacionais e param de receber, no período, as bolsas e incentivos financeiros ofertados pela confederação.

A Seppir informou que acompanha o episódio. A PFDC ressaltou que todo cidadão pode encaminhar denúncias de dano moral coletivo à Procuradoria. A CBG não se pronunciou sobre a denúncia da Educafro.

Fonte: Bocão News