Presidente do Bahia discute homofobia no futebol: ‘Relacionamentos de fachada são comuns’

Aos 52 anos, Emerson Ferretti, presidente do Bahia, abre o jogo sobre ser gay no ambiente do futebol, desafiando o preconceito.

Emerson Ferretti, ex-goleiro com passagens marcantes por Flamengo e Grêmio e atual presidente do Bahia, tem quebrado barreiras ao falar abertamente sobre sua experiência como homem gay no universo do futebol, um ambiente historicamente associado à homofobia. Aos 52 anos, Ferretti se destaca como o primeiro presidente de um clube brasileiro a se assumir publicamente gay, uma revelação que vem junto com a exposição das dificuldades enfrentadas durante sua carreira por conta de sua orientação sexual.

Durante décadas, o ex-atleta viveu sob a pressão de ocultar sua identidade, um reflexo do conservadorismo presente no meio futebolístico. “Passei décadas dentro de um campo de futebol escondendo quem realmente sou”, desabafou Ferretti, destacando a pressão constante que sofria. Atualmente, ele vive um relacionamento com o bailarino Jordan Dafner, de 27 anos, e enfatiza a importância de compartilhar sua história, visando inspirar outros jovens gays que sonham em fazer carreira no futebol.

O presidente do Bahia não apenas compartilhou sua própria experiência, mas também abordou um problema pouco discutido: a existência de jogadores que mantêm relacionamentos de fachada para escapar do preconceito. Esse tipo de situação, segundo ele, é mais comum do que se imagina no futebol, refletindo o medo de represálias e a pressão para se enquadrar em normas sociais estabelecidas.

Ferretti relata que, mesmo após se estabelecer profissionalmente, as especulações sobre sua sexualidade e as consequentes pressões se intensificaram, levando-o a períodos de depressão e dúvida sobre sua continuidade no esporte. Além disso, enfrentou desafios no ambiente de trabalho, incluindo piadas e comentários inapropriados por parte de colegas, que ampliavam o sentimento de isolamento.