A vitória com autoridade sobre a Argentina no Mineirão valeu a manutenção da Seleção Brasileira no topo da classificação das Eliminatórias e também manteve Tite na briga por uma marca histórica entre técnicos da equipe nacional. Com cinco vitórias em cinco partidas, o treinador poderá alcançar nesta terça (15), contra o Peru, às 23h15, em Lima, o recorde estabelecido por João Saldanha em 1969, que na ocasião venceu seis vezes seguidas nas Eliminatórias garantindo classificação do Brasil para o Mundial de 1970.
Naquela época, as seleções sul-americanas eram divididas em grupos. O Brasil ficou no Grupo 2, ao lado de Colômbia, Venezuela e Paraguai. Os jogos eram de ida e volta e a equipe comandada por Saldanha venceu todos os jogos pelas Eliminatórias. Foram 23 gols marcados, com uma média de 3,8 por partida.
Tite assumiu o Brasil em junho deste ano, após a Seleção fracassar na Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos, e ser eliminada justamente pelo Peru, rival de hoje. À época, a equipe ocupava a sexta colocação das Eliminatórias – fora, portanto, da zona de classificação à Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Desde então, o treinador comandou o Brasil em cinco partidas e mesmo sem ter conseguido realizar um único amistoso e tendo poucos dias para treinar com os convocados – na média, são três treinos por rodada -, Tite conseguiu levar o time à primeira posição com 100% de aproveitamento.
A Seleção marcou 15 gols – média de três por jogo – e sofreu apenas um. Com essa sequência, uma vitória diante do Peru praticamente sacramenta a classificação brasileira para o Mundial da Rússia, algo que até cinco rodadas atrás era apontado como difícil pelo próprio Tite. Nas entrevistas, o técnico procura relativizar sua importância para a equipe, dividindo os louros com colegas da comissão técnica e, principalmente, com os jogadores. “Eu não esperava esse desempenho, foi acima do esperado”, afirmou o treinador.
Titular e em boa fase com a camisa verde e amarela, o goleiro Alisson comemora o momento vivido pelo grupo de jogadores. “Hoje o futebol se baseia muito em números, em resultados, então os números estão a nosso favor, tanto no setor ofensivo como no defensivo. A gente tem que trabalhar da mesma maneira que viemos trabalhando, isso é um mérito nosso, do Tite, que vem nos ajudando muito. Temos que seguir concentrados jogo a jogo para seguir melhorando os números”, disse.
TIME DEFINIDO
Mesmo com pouco tempo, o time já ganhou um padrão tático e está escalado para o duelo diante dos peruanos. A única mudança em relação à vitória por 3×0 sobre a Argentina é a entrada de Filipe Luís no lugar de Marcelo, que está suspenso. Fábio Santos, jogador do Atlético Mineiro, foi convocado e ficará como opção no banco. Com isso, a equipe entrará em campo no esquema 4-1-4-1, com Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Filipe Luís, Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus.
Autor de um gol contra os argentinos, o volante Paulinho não espera vida fácil contra o Peru, que vem de vitória por 4×1 fora de casa, diante do Paraguai. “Sabemos da dificuldade que vamos enfrentar. Acredito que seja uma partida muito truncada e a competição vai ser grande. Estamos preparados para isso. Estamos fazendo um grande trabalho, com muita confiança e sabemos que podemos chegar, fazer um grande jogo e buscar uma vitória”, deu o recado.
CENTENÁRIO
Baiano de Juazeiro e revelado pelo Bahia, o lateral-direito Daniel Alves completará nesta terça (15), contra o Peru, o seu centésimo jogo com a camisa da Seleção Brasileira.
O jogador, de 33 anos, estreou com a camisa amarelinha no amistoso contra o Kuwait, em 2006, vencido por 4×0 pelo Brasil. Em 99 jogos representando a equipe nacional, Daniel venceu 68, empatou 18 e perdeu apenas 13. Além disso, marcou sete gols e deu 17 assistências.
“É uma alegria, uma satisfação, uma honra. Às vezes, não cai a ficha de tantas coisas boas que vivi na Seleção e que estou vivendo. Às vezes, não consigo nem acreditar. Desde os 15 anos, quando deixei os meus pais, eu sabia que iria voltar com ares diferentes”, lembrou ele.
Pelo Brasil, Daniel conquistou a Copa América de 2007 e duas Copas das Confederações (2009 e 2013). Também esteve em campo no fatídico 7×1 para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Mesmo assim, ele teve motivação para seguir em frente. “Eu não pensei em abandonar a Seleção em nenhum momento”, garantiu.
Apenas 12 jogadores fizeram mais de 100 jogos pela Seleção: Cafu (149), Roberto Carlos (132), Rivelino (120), Pelé e Djalma Santos (113), Taffarel (108), Lúcio (107), Leão e Ronaldo (105), Gylmar (102), além de Jairzinho e Ronaldinho Gaúcho (101).