A reunião do Conselho Deliberativo do Esporte Clube Vitória, realizada na noite de segunda-feira (14), começou sob clima de expectativa, mas rapidamente descambou para a confusão. O motivo? A votação das contas referentes ao exercício de 2024, que revelou um rombo financeiro de R$ 41 milhões, segundo o balanço apresentado pela diretoria.
Logo nos primeiros minutos, conselheiros questionaram a falta de acesso prévio aos documentos financeiros. Alguns alegaram não ter recebido os relatórios a tempo de analisar os números, enquanto outros afirmaram que só conseguiram os papéis após insistentes solicitações. A tensão aumentou quando membros da oposição tentaram transmitir a reunião ao vivo, alegando busca por transparência. A diretoria, porém, interrompeu a transmissão, justificando que informações estratégicas e cláusulas sigilosas estavam em pauta e não poderiam ser divulgadas antes da aprovação formal das contas.
O clima esquentou ainda mais com relatos de conselheiros se sentindo intimidados pela presença de seguranças, supostamente armados, no local. O presidente do clube, Nilton Almeida, negou que os profissionais estivessem armados e afirmou que a segurança era apenas uma medida de rotina. Mesmo assim, um conselheiro chegou a ser expulso da reunião após chamar o presidente de “doido”, aumentando o clima de animosidade.
Apesar do cenário turbulento, a maioria dos conselheiros aprovou as contas em votação simbólica. A oposição, insatisfeita, classificou o resultado como um “rombo” e criticou a condução do processo. Segundo nota oficial do clube, o passivo milionário é resultado de regularizações de dívidas judiciais e tributárias herdadas de gestões anteriores a 2021. “Se não tivéssemos estes débitos, o balanço do Vitória fecharia positivo”, afirmou o presidente Nilton Almeida.
Os números apresentados impressionam: só em 2025, o orçamento aprovado prevê R$ 174,7 milhões em despesas com o futebol profissional, R$ 17,6 milhões em contratações e R$ 2 milhões para o futebol feminino. A expectativa é de um lucro líquido de R$ 26 milhões ao final do próximo ano, mas o clube terá que destinar cerca de R$ 4 milhões por mês apenas para quitar dívidas antigas.
No fim da noite, mesmo com protestos e acusações de falta de transparência, o Conselho Deliberativo deu aval ao balanço financeiro. O Vitória segue, assim, o desafio de equilibrar as contas e buscar dias mais tranquilos fora das quatro linhas.