A Psicóloga Gabriela Oliveira fala sobre o tema: Perdas e Luto

As Perdas fazem parte da condição humana, apesar que imaginamos que apenas sofremos com a morte de um ente querido, porém desde cedo, ainda criança aprendemos a lidar e principalmente a lamentar com pequenas perdas que enfrentamos no dia-a-dia. Lamentamos com o fim da infância, da juventude, a saída de um filho de casa para estudar, o fim de um relacionamento, a perda da saúde, a morte de um ente querido, o fim de uma amizade especial ou de uma ideia que não foi concretizada. Cada vez mais chegamos à conclusão de que os indivíduos, ao enfrentar essas ou outras perdas, expressam sua dor de diferentes formas. A dor será proporcional ao significado da perda e dependerá da ligação afetiva construída em um relacionamento amoroso, com um objeto, com um animal de estimação ou uma pessoa que já morreu.

O sofrimento é uma reação universal à perda de uma figura de vínculo. A qualidade do vínculo estabelecido primariamente determinará os vínculos futuros e os recursos disponíveis para o enfrentamento e a elaboração dos rompimentos e perdas (Bowlby, 1990).

“A ligação afetiva”, “O laço afetivo” ou “O apego”, são termos utilizados para designar a intensidade da relação com a figura perdida.  A ligação afetiva pode ser definida como “um elo emocional entre duas pessoas”. Nela, buscam¬-se proximidade e contato com uma figura específica, que pode ser outra pessoa, um objeto ou um animal de estimação, por exemplo.

Quanto ao apego, Bowlby (1990) se refere a ele como um comportamento instintivo, decorrente da busca constante de proteção, segurança e sobrevivência da espécie, porém o apego não deve ser confundido com dependência. O apego, portanto, constrói-se com confiança, segurança e amor.

Porém quando pensamos em apego, dor e luto, acreditamos que a morte de um ente querido doí muito mais nos adultos e geralmente passam despercebidos nas crianças. Na verdade as crianças também sofrem e apresentam principalmente medo, porém geralmente demonstram sua dor de forma silenciosa. Acreditamos que uma simples história como: Seu “pai ou sua mãe” fez uma viagem bastante longa, em breve iremos visita-lo, faz com que a criança sofra menos e logo esqueça do acontecido. Porém é importante levar em consideração a idade das crianças, crianças ainda pequenas de ( 3 a 5 anos ), irão acreditar na história contata, pois acreditam que realmente a pessoa amada fez uma viagem ou que a morte é um fator reversível . Já as crianças em idade escolar ( 6 a 12 anos ) compreendem que a morte é um caminho sem volta, porém necessitam de uma justificativa ou explicação para elaborar a perda. Crianças acima de 12 anos compreendem a morte como um processo natural e acreditam que todos nós um dia morreremos.

O diálogo com os filhos sobre perdas e mortes, facilita o desapego. É importante para que as crianças desenvolvam o processo de desapego e sejam capazes de criar projetos de vida próprios. Saber desapegar lentamente é necessário para evitar um sofrimento maior, quando acontecer a perda ou separação do objeto de amor. O desapego com amor possibilita a aceitação da perda.

WORDEN (1998) , Afirma que o luto é considerado um processo e não um estado. Ou seja, trata¬-se de uma fase de transição, que não vai durar para sempre. É importante ressaltar que o processo de restauração tem avanços e recuos. Ele é cheio de altos e baixos. As pessoas enlutadas sempre dizem que há dias melhores e outros piores. A recuperação demanda tempo, atenção e esforço. Cada indivíduo reage ao luto de forma distinta, variando de acordo com sua estrutura emocional, vivências e capacidade para lidar com perdas. 

Elisabeth Kübler Ross, Psiquiatra e Escritora, descreve em seu livro sobre a morte e o morrer ( 1996 ), as cinco fases do luto: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Todas as pessoas inevitavelmente irão enfrentar essas fases, até conseguirem elaborar a dor da perda. Não sendo necessário vivenciá-las nesta ordem.

É importante estar atendo aos sinais de alerta, quando presenciamos a perda de um ente querido, nem todas as pessoas enfrentam o luto da mesma forma. Os sinais de alerta e quando deve-se procurar ajuda de um médico ou psicólogo são: Pensamentos suicidas persistentes por mais de dois meses após uma perda significativa; abuso de substâncias – de calmantes ou comprimidos para dormir a álcool e outras drogas; depressão constante, histórico de depressão ou de qualquer outro transtorno de saúde mental; sentimentos excessivos de culpa e raiva, persistência de luto intenso, sempre descontrolado ou tenso, e negação contínua da realidade da perda; perdas consecutivas; apoio familiar nulo ou insuficiente; episódios de pânico; sintomas físicos de duração prolongada.

Falar sobre a dor da perda – isto é, expressar livremente os sentimentos quando perdemos a pessoa amada – ajudará a minimizar o luto”. “A Psicoterapia ou seja o Setting terapêutico é o espaço para transformar a dor, o enlutamento em processo de cura e transformação”.

Referências Bibliográficas:

BOWLBY, J. Apego e Perda. Volume 2. Separação, angústia e raiva. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990

KUBLER – ROSS, E. Sobre a Morte e o Morrer. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996

WORDEN, J. W. Terapia do luto: Um manual para o profissional de saúde mental. Trad. Max Brener e Maria Rita Hofmeister. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

SUEREZ, L. M, et al. A Influência dos pais na elaboração do luto em crianças na faixa etária, entre 5 e 6 anos.  Disponível em: < https: psicolado.Com/ atuacao/tanatologia/a-influência-dos-pais-na-elaboração-do-luto-em-crianças-na-faixa-etária-entre-5-e-6-anos >.  Acesso em : Jun.2014.

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