Fabio Porchat comentou sobre o ataque com coquetéis molotov à sede do Porta dos Fundos, que ocorreu na madrugada do dia 24, véspera de Natal, em um artigo publicado no jornal O Globo nesta segunda-feira, 30. No texto, o humorista afirma que “com religião se brinca sim” e defende a liberdade de expressão, bem como o direito das pessoas de se sentirem ofendidas com alguma piada, desde que não vá contra a lei.
“Sinto lhe informar, mas com religião se brinca sim. Com qualquer uma. Se brinca com religião, com futebol, com política, com a minha mãe, com o Detran, com o que você quiser. Isso não sou eu que estou dizendo, é a Constituição brasileira”, escreve o ator no início da publicação.
Ele e a produtora de vídeos Porta dos Fundos têm sido alvos de críticas desde o lançamento do especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo, na Netflix. Na produção, Jesus é interpretado por Gregório Duvivier e estaria em um relacionamento com outro homem.
“Satirizar a Bíblia, olhe só, não é contra a lei. Chutar a Nossa Senhora é contra a lei. Depredar centros de umbanda é contra a lei. Dizer que você tem que parar de tomar remédio e só quem cura é Deus é contra a lei. Jogar coquetel molotov em uma produtora porque não gostou do que ela produziu é contra a lei. E, veja, brincar com a imagem de Deus não é intolerância. Intolerância é não querer deixar que brinquem”, afirma Porchat.
No texto, o ator diz que respeita quem não brinca com religião, mas que a “lei de Deus” e a “lei pessoal” não valem para todos. “Como você leva a sua vida é problema seu; como eu levo a minha, meu. Até porque o que é sagrado pra você, não é pra mim e vice e versa. Sátiras são fundamentais para que uma sociedade democrática (como, por acaso, ainda é o Brasil) possa rir de si mesma”, comenta.
Ao defender a liberdade de expressão, o humorista afirma que ele mesmo pode se sentir ofendido com alguma piada, mas, ainda assim, a outra pessoa tem o direito de fazê-la. Porchat lembrou que os especiais de Natal produzidos pelo Porta dos Fundos desde 2013 “nunca” tiveram “nenhuma reação violenta direta” e questionou o porquê de isso ocorrer em 2019.
O humorista finalizou o artigo dizendo que se orgulha de “fazer parte de um núcleo criador que escancara nossa podridão”. “Viva o humor! Viva a liberdade de expressão! Viva a tolerância! E, por que não, viva Jesus!”, escreveu.