Uma enfermeira da Unidade Básica de Saúde Manoel Vitório, no bairro de Brotas, em Salvador, foi agredida nesse sábado (11) durante o expediente de trabalho. Maíra Porto, de 42 anos, foi atacada pela mãe de dois meninos que estiveram no posto de saúde para a imunização contra Covid-19, mas a carteirinha de vacinação de um deles apresentou inconsistência no registro da dose anterior.
Segundo informações de testemunhas, a confusão durou cerca de 10 minutos. Colegas da servidora precisaram intervir para que a agressora soltasse os cabelos da profissional. O nome da mãe das crianças não foi revelado, mas a agressão foi registrada na Central de Flagrantes da Polícia Civil.
Os ânimos ficaram exaltados quando a técnica de enfermagem encontrou inconsistência nas carteiras de vacinação de uma das crianças.. Em uma delas, constava a vacinação com o imunizante Coronavac no dia 22 de janeiro, mas, o segundo documento, o convencional distribuído pela prefeitura de Salvador, registrava a aplicação da Pfizer na mesma data. O problema é que esse segundo cartão também apresentava falta de informações como o nome da unidade de saúde onde a suposta dose havia sido administrada, bem como o nome do profissional responsável.
Diante da incompatibilidade das informações, a enfermeira acessou o sistema de registro de informações do município, no qual ficam registradas todas as movimentações do cidadão relativas aos atendimentos da área da saúde. Nesse momento, foi constatado na plataforma que nenhuma dose de imunizante contra a covid-19 havia sido aplicada na criança. Nestes casos, o protocolo de atendimento nos postos orienta o servidor a acionar uma área de suporte.
Maíra, então, fez o registro fotográfico dos cartões e solicitou à mãe que aguardasse. Enquanto aguardava o desenrolar dos fatos, uma mulher que acompanhava a mãe e as crianças na unidade, se apresentou como médica e sugeriu à enfermeira que ignorasse as informações descritas em ambos os cartões, e administrasse uma dose do imunizante como se fosse a primeira dose. A intenção das mulheres era que a criança fosse vacinada com a vacina da Pfizer. A discussão foi iniciada nesse momento em que a enfermeira se recusou a proceder de forma incorreta.
Na sala da gerência da unidade, Maíra foi puxada pelos cabelos, além de outras agressões enquanto a mãe tentava retirar os cartões de vacina que, a essa altura, já estavam nas mãos da gerente. Após as agressões as mulheres foram para delegacia.
A diretora do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), Lília Cordeiro, disse que o relato feito pela mãe e pela tia, no Boletim de Ocorrência, não condiz com a realidade vivida na unidade de saúde.
“A gente está agora com o boletim de ocorrência, com fotos dos dois cartões. Tem o depoimento da enfermeira, da gerente. A enfermeira foi conduzida da delegacia para fazer o exame de Corpo de Delito. Estamos acompanhando a colega e vamos tomar as providências cabíveis”, destaca Lília.
A diretora afirma ainda, que situações de violência contra profissionais tem sido frequente. “Há colegas que já levaram tapas nas costas, ameaças de morte, carros avançando sobre as pessoas nos drives, são muitas situações de agressão nas unidades de saúde”, elenca.
Em nota, a Central de Flagrantes da Polícia Civil disse ter registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato contra uma funcionária de um posto de saúde, localizado no bairro de Brotas, no sábado (11). Este documento será encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lamentou a agressão por meio de nota, classificando a atitude ‘injustificada’, e disse que a pasta está prestando auxílio para estabilizar a servidora.
Leia na íntegra:
A Secretaria Municipal de Saúde lamenta profundamente e repudia as agressões verbais e físicas sofridas pela enfermeira da UBS Manoel Vitorino durante exercício de sua atividade neste sábado (11). Tal atitude é injustificada, sobretudo se tratando de profissional que se dedica a cuidar do próximo. Vale destacar que desacato a funcionário público no exercício da função ou em razão dela é crime previsto no artigo 331 do Código Penal, com detenção de seis meses a dois anos, ou multa.
Um boletim de ocorrência foi registrado na Central de Flagrantes, na Avenida ACM; bem como a gestão prestou todo auxílio para estabilizar à servidores.