Investigados pelo STF, ministros Edinho e Mercadante se defendem

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal por eventuais problemas na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, no ano passado, afirmou neste domingo que é “plenamente favorável” à apuração de todos os fatos. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura do inquérito a pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Também foram abertas investigações com base na delação premiada de Ricardo Pessoa para investigar financiamentos de campanha de Aloisio Mercadante para o governo de São Paulo em 2010 e do senador Aloysio Nunes Ferreira do PSDB.

Edinho foi o tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, e segundo a delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, o hoje ministro ameaçou sua empreiteira de perder obras da Petrobras se não desse dinheiro para a campanha. Segundo o empreiteiro, Edinho foi “bastante incisivo” no pedido, perguntando explicitamente: “O senhor quer continuar tendo obras na Petrobras?”.

“Sou plenamente favorável que se apure todos os fatos e que todas as dúvidas sejam esclarecidas. Tenho a tranquilidade de quem agiu como coordenador financeiro da campanha presidencial de 2014 dentro da legalidade, as contas da campanha foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou o ministro.

Desde que seu nome apareceu nas investigações relacionadas à Operação Lava-Jato, Edinho tem dito que é vítima de delações com o único objetivo de atingir petistas ligados a Luiz Inácio Lula da Silva, e que os delatores fazem ilações, sem provas, para atingi-lo. Com relação ao ex-presidente, até o momento há somente um pedido de abertura de inquérito por parte do Procurador-Geral para apurar os brindes que ele ganharia das empreiteiras, denunciados na delação Pessoa.

Já o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, chamou de insustentável a delação feita pelo empresário de que teria dado dinheiro não contabilizado para a campanha do petista ao governo de São Paulo em 2010. O ministro afirmou, por meio de nota, que desconhece o teor das declarações de Pessoa porque pediu há três meses acesso ao processo ao STF, mas teve o acesso negado. Mercadante disse também que não tem conhecimento oficial da investigação autorizada pelo Supremo:

"Em toda a minha vida me reuni uma única vez com o senhor Ricardo Pessoa, por sua solicitação. Na oportunidade, não era ministro de Estado, mas senador e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, em 2010. Segundo as notícias divulgadas pela imprensa, o senhor Ricardo Pessoa, em sua delação, teria afirmado que doou R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil de forma legal e outros R$ 250 mil mediante recursos não contabilizados. Ora, essa tese é absolutamente insustentável, uma vez que são exatamente R$ 500 mil os valores declarados, em 2010, e devidamente comprovados em prestação de contas à Justiça Eleitoral, inclusive já aprovada sem qualquer ressalva", afirmou Mercadante por meio de sua assessoria. Ele anexou à nota o número dos recibos de doação feitas pela UTC e Constran e disse estar à disposição do Ministério Público Federal e do STF para esclarecimentos.