A trágica história por trás da honestidade: como um operador de aeroporto foi morto por barrar malas com drogas de facção criminosa

A honestidade e o compromisso com a função custaram a vida de Arisson Moreira Júnior, um operador de esteira no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Em 9 de janeiro de 2020, ele impediu a liberação de duas malas suspeitas que continham 60 quilos de cocaína, avaliados em cerca de R$ 30 milhões. Quatro dias depois, Arisson foi brutalmente executado com marcas de fuzilamento.

As malas retidas por Arisson seriam enviadas para a Europa e pertenciam ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa responsável pelo esquema de tráfico de drogas. A honestidade de Arisson foi notável, já que a facção costuma pagar o equivalente a um ano de salário por mala liberada por funcionários do aeroporto, segundo informações do portal Metrópoles.

O operador trabalhava no Terminal 2, de voos nacionais, quando avistou as malas suspeitas com destino a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mas com etiquetas de um voo internacional. Arisson retirou as bagagens da esteira e foi abordado por Márcio Roberto Pires, 56 anos, que tentou levar as malas para a conexão internacional. O operador negou a entrega das malas, mesmo após ser informado que Márcio estava encarregado de retirá-las.

Dois dias após a apreensão da droga pela Polícia Federal, Márcio abordou Arisson em um ponto de ônibus e o ameaçou, referindo-se à denúncia feita à facção. Em 13 de janeiro, Arisson foi abordado por um veículo com três homens e executado a tiros, morrendo no local.

Após uma investigação de aproximadamente 15 dias, a polícia de Guarulhos prendeu Márcio Roberto Pires. Em setembro de 2022, ele foi condenado a 33 anos, 2 meses e 12 dias de prisão em regime fechado, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. Entretanto, os três homens responsáveis pela execução de Arisson ainda não foram encontrados.