Após 22 anos, Justiça decide destino de pastores acusados de estuprar e assassinar Lucas Terra

Salvador, 25 de abril – Após duas décadas de luta e muitos desdobramentos, o caso do adolescente Lucas Vargas Terra, brutalmente estuprado e assassinado em 2001, aos 14 anos, chega ao júri popular. Os dois pastores evangélicos acusados, Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, serão julgados no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, nesta terça-feira (25), com previsão de conclusão na sexta-feira (28).

O crime ocorreu em um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana, após Lucas flagrar os pastores em uma relação sexual. O adolescente foi violentado, colocado em uma caixa de madeira e queimado vivo em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama. Os réus enfrentarão julgamento pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e ocultação de cadáver.

O pastor Silvio Galiza, também acusado pelo crime, foi condenado em 2004 a 18 anos de prisão, mas teve sua pena reduzida e ganhou liberdade condicional em 2012. Em 2007, Galiza denunciou os pastores Joel e Fernando por envolvimento no caso e revelou a motivação do crime.

Desde então, o caso passou por várias instâncias judiciais, com decisões controversas, recursos e reviravoltas. Em 2013, a juíza Gelzi Almeida inocentou Joel e Fernando, mas a família de Lucas recorreu. Em 2015, os desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decidiram, por unanimidade, levar os religiosos a júri popular.

Apesar de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmar a decisão do TJ-BA, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, anulou, por falta de provas, o processo que envolve a participação de Fernando Aparecido da Silva em 2018. No entanto, em novembro de 2020, a 2ª Turma do STF decidiu que os pastores seriam julgados em júri popular.

Infelizmente, o pai de Lucas, José Carlos Terra, faleceu em 2019, sem ver o desfecho do caso que tanto lutou para solucionar. Segundo a mãe de Lucas, Marion Terra, o estado de saúde de José Carlos se agravou após a notícia da anulação da decisão que indicava o envolvimento de Fernando Aparecido da Silva no crime.