Em Eunápolis, Bahia, uma situação inusitada chamou a atenção do público. O padre Alessandro Almeida Colen está sob suspeita após apresentar uma declaração onde se autodenomina como psicanalista clínico, com o CRP 19.510-11/BA. Contudo, este registro não foi encontrado no Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP 03). O caso agora é analisado pelo Ministério Público Estadual (MP-BA) e a Polícia Civil de Eunápolis.
A denunciante, Rosangela Pimenta de Figueiredo, compartilhou sua experiência após se mudar para Eunápolis em 2013. Ela conheceu o padre Alessandro na Igreja Matriz, onde posteriormente ficou sabendo de seus atendimentos como profissional da área da psicologia.
“Conversando com as pessoas da cidade, fiquei sabendo que ele fazia atendimentos como psicólogo e entre 2014 e 2017 me tratei com ele. Também meu filho e meu ex-marido foram atendidos pelo padre, que nós pensávamos ser um profissional da psicologia”, revela.
Os atendimentos aconteceram em um espaço específico para esta finalidade. Rosangela mencionou que os pagamentos, a pedido do padre, foram feitos em dinheiro. As suspeitas surgiram quando uma declaração do padre foi requisitada. “Ele assinou como psicanalista clínico, o que foi uma surpresa, já que nós acreditávamos ser psicólogo”, disse ela.
A denunciante ainda contou que, ao tentar entrar em contato com o padre Alessandro, ele havia bloqueado todos os meios de comunicação. “Também nos informaram que ele foi transferido para outra paróquia em outra cidade”, disse Rosangela.
A fim de buscar esclarecimentos, no dia 31 de julho, uma notícia-crime foi protocolada no MP-BA de Eunápolis. No dia subsequente, 1º de agosto, a denúncia chegou à Delegacia de Polícia Civil.
Larissa Fonsêca, conselheira e membro da Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do CRP-03, enfatizou a importância da inscrição no Conselho de Classe do estado de atuação para aqueles que oferecem serviços em psicologia. “É essencial para garantir a fiscalização e orientação da autarquia. Não seguir essa norma é considerado exercício ilegal da profissão”, esclareceu, citando o Art. 47 do Decreto-Lei nº 3.688/1941.
Em nota oficial, a Diocese de Eunápolis informou desconhecer o caso. Entretanto, se comprometeu a investigar a situação mais a fundo.