Um jovem de 21 anos que teria sido contratado por uma costureira para matar o marido dela, um idoso de 63 anos, em Salvador, desistiu de cometer o crime e disponibilizou à polícia gravações de conversas por telefone nas quais a mulher detalha como o homicídio deveria acontecer. De acordo com a investigação, a costureira é suspeita de ter planejado a morte do companheiro para ficar com uma casa e uma quantia no valor de R$ 100 mil reais de um seguro de vida. Os áudios das conversas chegaram à Delegacia do Idoso no final de janeiro deste ano, mas o caso só foi divulgado na quarta-feira (25).
A costureira e o idoso não moram juntos há dois anos, mas ainda são casados oficialmente. Conforme as investigações, o homicídio havia sido planejado em dezembro de 2014, mas o caso só veio à tona esse ano, após denúncia feita pelo jovem, que disse ter sido contratado para cometer o crime. Após receber a primeira proposta para matar o idoso, que é sanfoneiro, ele passou a gravar as conversas com a mulher. Em uma das gravações, a costureira sugere que dois motociclistas abordem o marido.
“Tem que fazer como se fosse um assalto, quando ele tiver no telefone, conversando, porque ele tem mania de ficar com a cara pra cima. Chega e toma o telefone dele. Vão dizer que ele resistiu e ninguém vai saber”, diz a costureira. Depois, o jovem supostamente contratado responde: “Mas a gente vem falar com você antes de fazer. Os caras que vão fazer vão querer outro dinheiro. Vou dar os 1,5 mil que você me deu”.
A tentativa frustrada de homicídio foi parar na Delegacia de Atendimento ao Idoso. Em depoimento gravado em vídeo pela polícia, o suposto contratado confirmou a proposta da costureira. “Ela me chamou para matar o marido dela e queria me levar no sítio onde ele estava, em Simões Filho. E queria pagar para matar o marido dela”.
Também em entrevista gravada pela polícia, a mulher negou que tivesse planejado o homicído, mas confirmou que a voz que aparece na gravação é dela. “A voz é minha. Fizeram essa gravação, mas eu não contratei ninguém para fazer isso”.
O marido da costureira disse ter ficado chocado com a situação. “É uma coisa barbarizante [sic]. Uma coisa que eu nunca vi na minha vida, ela premeditar um crime e ensinar direitinho”, comentou em depoimento à polícia. Localizada no bairro da Pituba, também em Salvador, na quarta-feira (25), a costureira voltou a negar as acusações.
“A única coisa que eu afirmei, que o delegado me perguntou, foi que a voz realmente é minha. Eu só afirmei isso. Mas eu não fiz trama nenhuma. Com certeza fizeram montagem, porque eu jamais faria isso. Isso na Justiça eu posso provar”.
O delegado Nilton José Costa, que investiga o caso, disse que o suposto matador denunciou o caso porque se sentiu arrependido. “Pesou na consciência dele, primeiro, a idoneidade dele como cidadão. Segundo, a suposta vítima era uma pessoa que ele conhecia há anos”, destacou. O inquérito ainda não foi concluído. O delegado aguarda o resultado da perícia feita na gravação.
Fonte: G1 BA