As blogueiras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves tornaram-se rés em um processo judicial por injúria racial, após serem filmadas entregando bananas e um macaco de pelúcia para crianças negras. O caso, que ganhou notoriedade em novembro de 2023, está sob investigação da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) desde o ano passado.
A denúncia foi aceita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), mas ainda existem três processos em andamento relacionados ao episódio. A advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, foi quem inicialmente reportou os vídeos à Decradi, resultando no indiciamento das blogueiras e na subsequente denúncia do MPRJ à Justiça.
A juíza do caso destacou que, embora não haja violência física, o delito investigado ataca a dignidade humana das crianças pela cor de sua pele através de atitudes presumivelmente racistas. A delegada Rita Salim, responsável pelo inquérito, classificou a conduta das blogueiras como racismo, especificamente “racismo recreativo”, destacando que não é permitido discriminar ou expor pessoas de forma vexatória para entretenimento, o que é considerado crime. Salim também mencionou que as acusadas sempre publicaram vídeos com crianças negras envolvendo bananas e macacos de pelúcia, um padrão que indica uma prática reiterada.
Mãe e filha negaram ter cometido qualquer crime, alegando que as crianças podiam escolher entre dinheiro ou um presente e que a escolha de um macaco de pelúcia era parte de uma brincadeira sem intenção de ofender. Entretanto, a defesa das acusadas pede o arquivamento do caso, alegando que a investigação não considerou adequadamente a versão das acusadas nem os elementos apresentados em seus depoimentos.
As duas mulheres, residentes no Rio de Janeiro, são influenciadoras digitais com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões de inscritos no TikTok. Seus vídeos geralmente abordam temas como testes de maquiagem, pegadinhas e assistencialismo.