Em um documento recente emitido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi descoberto que os dois principais cartéis de drogas do México estão de olho no Brasil. A motivação para tal interesse é multifacetada, mas dois fatores críticos se destacam: a ação intensa contra o crime organizado em terras mexicanas e o Brasil como um relevante polo de consumo e circulação de entorpecentes.
As organizações mexicanas, notoriamente violentas e consideradas entre as mais ameaçadoras globalmente, estão expandindo sua presença em países reconhecidos como produtores, consumidores e pontos de trânsito de drogas. O Brasil figura de forma proeminente neste cenário, segundo o documento.
Dentro dessas organizações, dois nomes se destacam: os cartéis de Sinaloa e Jalisco Nueva Generación (CJNG). A ênfase da Abin se inclina mais ao CJNG, principalmente devido ao seu histórico de extrema brutalidade contra adversários e autoridades, bem como sua capacidade de expansão da costa do Pacífico ao Golfo do México.
Além de sua principal atividade, o tráfico de drogas, o CJNG também é associado a outras atividades criminosas, incluindo extorsão, sequestro, roubo de veículos, tráfico de armas e até mesmo serviços sofisticados de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais.
Importante salientar que informações veiculadas pela revista Veja no ano passado destacaram que a embaixada brasileira no México foi informada de ligações estabelecidas entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e os cartéis CJNG e Sinaloa.
Um dos interlocutores chave dessa relação é Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho. Atualmente, a Abin e a Polícia Federal estão investigando a extensão e as implicações dessas conexões. Por enquanto, não há evidências confirmadas de uma base fixa dos cartéis mexicanos no Brasil. Entretanto, os contatos com o PCC têm potencial para facilitar negociações, parcerias financeiras e estabelecimento de novas rotas de tráfico.
Um evento que chamou atenção internacionalmente foi a detenção de Ovidio Guzmán López, filho do famoso narcotraficante “El Chapo” Guzmán, no começo deste ano. A prisão desencadeou protestos violentos no estado de Sinaloa, resultando em diversos conflitos e vítimas. Ovidio, por sua vez, é uma figura influente no mundo do narcotráfico, liderando uma facção e tendo um papel significativo nas operações de seu pai.