O assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete, que ocorreu há cerca de um mês, levanta novas questões sobre a eficácia dos programas de proteção a defensores de direitos humanos. Netos da vítima abriram a porta para os criminosos, pensando tratar-se de um tio da família.
Wellington Gabriel, neto de Mãe Bernadete e testemunha do crime, revelou os detalhes chocantes em uma entrevista ao Jusnews Podcast. De acordo com Wellington, os criminosos entraram na casa após as crianças abrirem a porta, pegaram os celulares de todos os presentes e efetuaram os disparos fatais.
O caso torna-se ainda mais grave ao saber que Mãe Bernadete estava no programa de proteção de defensores de direitos humanos desde 2017, após o assassinato de seu filho, Binho do Quilombo. A advogada da família, Suzane Sales, criticou as falhas no programa de proteção, especialmente porque Mãe Bernadete deveria ter uma ronda policial 24 horas, o que não ocorria na prática.
De acordo com Suzane, a falha no programa de proteção gera uma discussão mais ampla sobre quem está por trás desses crimes e sobre a vulnerabilidade inerente a esses programas.
“O fato de ela estar num programa de proteção é o que nos levanta a nova discussão: quem mandou matar, não apenas os executores, e a essa sensação de vulnerabilidade desses programas de proteção”, disse Suzane.
As investigações mostraram que os policiais só apareciam na casa de Bernadete no final da tarde, questionando se tudo estava bem, ao invés de manter a prometida vigilância contínua.
O governo da Bahia agora está revisando todos os protocolos de proteção, numa tentativa de evitar futuras tragédias.