Chacina de motoristas por aplicativo: Travesti é condenada a 63 anos de prisão

O Tribunal do Júri do Fórum Ruy Barbosa condenou, na última quarta-feira (19), a travesti Amanda Franco da Silva Santos a 63 anos e oito meses de reclusão. Ela é a única viva entre os cinco acusados envolvidos na chacina que vitimou quatro motoristas de aplicativo e deixou um sobrevivente em 13 de dezembro de 2019, no bairro de Santo Inácio, em Salvador.

Amanda foi considerada culpada pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e motivado por vingança contra os motoristas de aplicativo Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. Além disso, foi condenada por roubo circunstanciado de carros e pertences de seis vítimas e tentativa de homicídio mediante tortura contra o único sobrevivente, Nivaldo Santos Vieira.

Familiares dos motoristas assassinados se emocionaram e se abraçaram após o julgamento. Nivaldo Santos, única vítima sobrevivente, afirmou estar insatisfeito com a pena aplicada e pediu que a justiça também fosse aplicada às empresas de aplicativos Uber e 99pop.

Representantes dos motoristas por aplicativo, Vick Passos, presidente da Coopmap, e Átila Santana, presidente do Simactter-BA, reagiram à sentença, com Passos considerando a pena como uma forma de justiça e Santana acreditando que Amanda merecia mais do que a prisão.

A promotora do caso, Mirella Barros Conceição Brito, apresentou provas do crime e trechos de depoimentos colhidos durante a investigação. Em um dos trechos reproduzidos, Nivaldo Santos Vieira ressaltou a crueldade de Amanda.

Os defensores públicos que fizeram a defesa de Amanda admitiram a participação dela no caso e o roubo dos carros das vítimas, mas contestaram a autoria dos homicídios. A estratégia da defesa foi apontar que Amanda foi coagida pelo traficante Jeferson e sugerir transfobia na condução da investigação.