Um silêncio inesperado tomou conta do Instituto Penal Feminino de Porto Alegre na tarde desta terça-feira (22). Edelvania Wirganovicz, de 51 anos, uma das figuras centrais no caso que chocou o país há mais de uma década, foi encontrada sem vida no pátio da prisão. Sinais de asfixia no corpo levantaram suspeitas imediatas. O que teria acontecido nas últimas horas de Edelvania, condenada por um dos crimes mais emblemáticos do Rio Grande do Sul?
A Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) confirmou que a detenta apresentava sinais de enforcamento. As investigações preliminares apontam para suicídio, mas a Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias foram acionados para apurar todos os detalhes. “Toda morte, com indício inicial de suicídio, como neste caso, é apurada para verificar se foi realmente isso que aconteceu”, afirmou o delegado Mario Souza, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Detentas e servidores da unidade já começaram a ser ouvidos.
Edelvania cumpria pena em regime semiaberto desde fevereiro deste ano, após ter a prisão domiciliar revogada por decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou que ela ainda tinha metade da pena a cumprir. Em 2019, ela foi sentenciada a 22 anos e 10 meses de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A mulher era amiga de Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, e confessou participação no assassinato do menino, inclusive indicando às autoridades o local onde o corpo havia sido enterrado.
O caso Bernardo, como ficou conhecido, mobilizou o país em 2014. O menino Bernardo Uglione Boldrini, de apenas 11 anos, desapareceu em 4 de abril daquele ano, em Três Passos. Dez dias depois, seu corpo foi encontrado enterrado às margens de um rio em Frederico Westphalen, também no Rio Grande do Sul. O crime envolveu o pai da criança, Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, Edelvania e o irmão dela, Evandro Wirganovicz. Todos foram condenados: Leandro a 31 anos e 8 meses, Graciele a 34 anos e 7 meses, e Evandro a 9 anos e 6 meses de prisão.
Em nota oficial, a Susepe informou que a Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário acompanha de perto a apuração das circunstâncias da morte de Edelvania. O caso segue sob investigação, sem previsão para a divulgação dos laudos periciais.