Diante do cenário de violência que tem sido notícia frequente em Salvador, dois agentes da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (CORE) da Bahia decidiram falar abertamente sobre o assunto. Vitor Calmon e Guto Hart, que atuam na linha de frente contra a criminalidade, compartilham insights sobre a complexa teia de facções criminosas na capital baiana.
“O Comando Vermelho tem ampliado significativamente sua presença, conquistando territórios através de parcerias estratégicas com outras facções”, diz Guto Hart. “O cenário é preocupante tanto na capital quanto no interior do estado, onde a influência do grupo vem crescendo.”
Para entender o terreno, os policiais da CORE utilizam seu conhecimento local. “Nós conhecemos o terreno, e isso nos dá uma vantagem em confrontos. Recentemente, o Comando Vermelho tentou tomar o Alto das Pombas, uma área que não é tradicionalmente controlada por eles”, complementa Hart.
Vitor Calmon, por sua vez, contesta a percepção popular de que Salvador estaria se aproximando de níveis de violência comparáveis aos do Rio de Janeiro. “A polícia aqui é ativa e eficaz. Não permitiremos que essa situação ocorra na Bahia”, afirma.
O tráfico de drogas, um dos maiores geradores de conflitos, é um problema complexo. “É difícil erradicar o tráfico, mas é possível combater e reduzir o número de homicídios”, garante Hart. Segundo ele, isso ocorre porque homicidas tendem a se colocar em posições que os fazem alvos fáceis para a polícia.
A expansão do Comando Vermelho é alimentada por vários fatores. “Salvador é um mercado robusto para o tráfico de drogas. Além disso, a cidade tem uma geografia semelhante à do Rio, o que talvez faça os membros do Comando Vermelho se sentirem ’em casa'”, explica Calmon.